Apenas 6,9% das pessoas recebem tratamento eficaz para transtornos mentais
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Uma pesquisa realizada pela University of British Columbia e pela Harvard Medical School revelou que apenas 6,9% das pessoas com transtornos de saúde mental ou dependência de álcool e outras drogas recebem tratamento eficaz para suas condições.
O estudo, publicado na revista JAMA Psychiatry, analisou dados de 56.927 participantes com 18 anos ou mais de 21 países, coletados ao longo de 19 anos (2001-2019). As informações foram extraídas da World Mental Health Survey Initiative, projeto colaborativo da OMS, Universidade de Harvard e Universidade de Michigan.
Os pesquisadores identificaram quatro etapas necessárias para que o paciente tenha acesso a um tratamento eficaz: 1) reconhecer a necessidade de tratamento; 2) buscar ajuda no sistema de saúde; 3) receber tratamento adequado; e 4) receber tratamento eficaz. Os resultados mostraram que:
- Apenas 46,5% das pessoas com transtornos reconheceram que precisavam de tratamento;
- Entre os que reconheceram a necessidade, apenas 34,1% buscaram o sistema de saúde;
- Daqueles que procuraram ajuda, 82,9% receberam um tratamento minimamente adequado;
- Aproximadamente 47% dos que receberam tratamento adequado acabaram recebendo um tratamento eficaz;
- No final, apenas 6,9% dos pacientes receberam o tratamento eficaz que precisavam.
A principal barreira para o acesso ao tratamento eficaz é a falta de reconhecimento da necessidade de ajuda, além do fato de que, mesmo após procurar o sistema de saúde, muitos pacientes não recebem a terapia indicada.
Daniel Vigo, autor principal do estudo e professor da University of British Columbia, afirmou: "Os dados desta pesquisa nos permitiram criar o único indicador de tratamento eficaz para saúde mental e uso de substâncias." Ele também destacou que as decisões políticas e de alocação de recursos devem ser baseadas em dados concretos, algo que nem sempre aconteceu na área de saúde mental.
Para Vigo, compreender onde estão os gargalos no sistema de saúde é crucial para oferecer soluções mais eficazes. "Melhorar a capacidade dos médicos clínicos gerais para diagnosticar e tratar os transtornos leves a moderados, além de encaminhar os casos graves a especialistas, é essencial para o sistema", afirmou.
O estudo oferece uma base sólida para que políticos e tomadores de decisão possam orientar suas políticas e alocação de recursos de maneira mais eficaz, destacando as lacunas nos serviços de saúde mental e no tratamento de dependências. A pesquisa aponta onde os investimentos direcionados podem gerar os maiores impactos, ajudando na melhoria do cuidado e no acesso a tratamentos adequados.