'Força policial mais perigosa do mundo', diz jornal inglês sobre PM de São Paulo
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O tabloide britânico The Sun classificou a Polícia Militar de São Paulo como a "força policial mais perigosa do mundo". Em uma publicação deste domingo (16), o jornal apresenta uma entrevista com Camila Asano, diretora-executiva da Conectas, com o título "Ruas de Sangue - Por dentro da força policial mais perigosa do mundo, com crianças mortas a tiros, suspeitos jogados de pontes e policiais que 'querem assassinatos no currículo'" (tradução livre).
Formada em Relações Internacionais pela USP e mestre em Ciência Política, Camila lidera a organização de direitos humanos desde 2022. Em sua entrevista ao The Sun, ela menciona casos recentes de violência policial que agravaram a crise de segurança pública em São Paulo, como a morte do menino Ryan da Silva Andrade, de 4 anos, em uma ação da PM em Santos, o assassinato do estudante de medicina Marco Aurélio Cardenas Acosta, de 22 anos, na portaria de um hotel na Vila Mariana, e o caso de um homem jogado de uma ponte por um policial na zona Sul da capital.
Camila afirma que a letalidade policial em São Paulo estava em queda até o início da gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Contudo, após a nova administração, o governador passou a defender as ações da polícia e questionou a eficácia de medidas como câmeras corporais nos policiais, que são vistas como uma solução para controlar a violência policial.
A diretora-executiva também aponta a responsabilidade do secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, no aumento da violência. Derrite já afirmou que é "vergonhoso" para um policial não ter "três ocorrências" de homicídios no currículo, uma declaração revelada em 2015 pelo Ponte Jornalismo.
Camila destaca que, apesar da pressão pública, o governador não tomou nenhuma "medida concreta" para alterar a atuação da PM. Ela afirma que a permanência de Derrite no cargo é um sinal claro de que não há um compromisso real em mudar a situação.
Segundo Camila, os episódios de violência policial acontecem dentro de um contexto local marcado por "racismo". Ela cita um estudo do Instituto Sou da Paz, que revela que uma em cada três mortes violentas na cidade de São Paulo é causada por policiais.