Disputa de poder no PT influencia reforma ministerial de Lula

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Disputa de poder no PT influencia reforma ministerial de Lula Reprodução

A disputa acirrada de poder no PT, que nos próximos meses deverá escolher sua nova direção, tem tido reflexos diretos na discussão interna do governo sobre a reforma ministerial.

Desde que as articulações para a reforma começaram, o presidente Lula tem tido que administrar a guerra de poder no Partido dos Trabalhadores e entre os grupos do ex-prefeito de Araraquara Edinho Silva, mais à direita no espectro ideológico do partido, e da atual presidente nacional da sigla, Gleisi Hoffmann, mais à esquerda.

O presidente, porém, ainda não deu nenhuma pista do que pretende fazer – o que acirra ainda mais a disputa de bastidores e a disseminação de boatos.

Visando aumentar seu cacife nessas disputas que, na prática, correm em paralelo, os dois lados têm pleiteado junto ao presidente postos estratégicos do Palácio do Planalto e no primeiro escalão.

Do lado de Gleisi, o deputado José Guimarães (PT-CE), que chegou a anunciar a intenção de concorrer à presidência do PT contra Edinho Silva, esteve com Lula recentemente e se ofereceu como opção para a Secretaria de Relações Institucionais no lugar de Alexandre Padilha (PT-SP), conforme relataram interlocutores de Lula no Planalto.

O atual titular da SRI tem sido alvo de queixas dos colegas e da base aliada em razão das dificuldades do governo em aprovar matérias de seu interesse no Congresso, e por isso se cogita no Planalto que ele deixe o cargo para alguém do Centrão – como o deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), que hoje comanda o Ministério de Portos e Aeroportos.

De acordo com interlocutores de Lula no Planalto, Guimarães, que tem trânsito no Centrão e é da ala do PT mais próxima ao ex-presidente da Câmara, Arthur Lira, cobiça esse espaço.

No desenho ideal de Guimarães e Gleisi, o grupo deles ficaria ainda com mais dois ministérios. Ela, que Lula já indicou que será ministra, é cotada para a Secretaria-Geral da Presidência no lugar de Márcio Macêdo, mas nos bastidores tem indicado que não é seu destino preferido. Isso porque o posto, embora fique muito próximo de Lula até fisicamente, não tem tanto prestígio.

Nas palavras de um assessor do presidente que vem acompanhando a discussão, a pasta “só administra pepino com movimento social e, apesar de ter a finalidade de cuidar da agenda de Lula, consegue fazer muito pouco porque a Janja manda em tudo”.

No Palácio, o que se diz é que Gleisi preferiria ir para o Ministério do Desenvolvimento Social no lugar de Wellington Dias – outro sempre lembrado para sair na bolsa de apostas da reforma. O ministério dá muito mais projeção política a quem o comanda, por cuidar de uma das principais vitrines da administração petista – o Bolsa Família.

Completando o plano dessa ala do PT. o Ministério da Saúde iria para Arthur Chioro, que já ocupou o cargo na gestão de Dilma (de 2014 a 2015) e foi secretário municipal de Saúde de São Bernardo.

A Saúde é a pasta mais cobiçada de todas nessa leva de trocas possíveis. Hoje comandado por Nísia Trindade, o ministério tem um dos maiores orçamentos de toda a Esplanada – R$ 241,61 bilhões só neste ano – e executa boa parte do total de emendas parlamentares.

Justamente por isso, acredita-se que não vá ser entregue ao Centrão e deve ficar sob o controle do PT. Só que, nesse caso, o grupo de Edinho Silva, candidato de Lula à presidência do PT, quer Padilha no lugar de Nísia – médico formado pela Unicamp, ele também já foi ministro da Saúde de Dilma Rousseff, de 2011 a 2014.

Adversários de Padilha alegam que ele não seria a melhor opção para Lula porque teria de se desincompatibilizar do cargo de ministro em abril do ano que vem, para disputar a eleição para deputado federal em 2026, o que deixaria o ministério desguarnecido e à mercê da voracidade do Centrão às vésperas do pleito.

Esse grupo do PT considera fundamental manter a SRI e, se possível, ocupar a Saúde, sem criar obstáculos para que Gleisi vá para a Secretaria-Geral.

Quando se trata de Gleisi no Desenvolvimento Social, porém a conversa muda de figura. Essa alternativa incomoda o grupo de Edinho e Padilha, do qual também faz parte o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Constantemente criticado por Gleisi em público, por conta da condução da política fiscal e a defesa do corte de gastos, Haddad tem afirmado a interlocutores próximos que não quer nem ouvir falar em Gleisi nesse posto.

E isso porque ele já teve uma série de divergências internas com o atual ministro, Wellington Dias.

Lula, que conhece bem cada um desses personagens, vem ouvindo os pleitos e críticas de cada um sem se comprometer com nada. Nos relatos de quem participa das conversas, ele costuma encerrar os papos a respeito da reforma com afirmações vagas, como “vamos ver”, ou alguma piada interna do partido. Enquanto isso, a disputa corre solta.




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