Em audiência com Cid, Moraes deu bronca e avisou sobre 'última chance de dizer a verdade'
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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), cobrou o tenente-coronel Mauro Cid a apresentar "fatos" durante uma audiência em novembro, realizada para analisar a validade do acordo de delação do militar. Moraes disse que era a "última chance do colaborador dizer a verdade". A delação acabou sendo mantida.
— Eu quero fatos, por isso que eu marquei essa audiência. Eu diria que é a última chance do colaborador dizer a verdade sobre tudo — afirmou Moraes, de acordo com a transcrição.
A audiência ocorreu após a Polícia Federal (PF) apontar omissões no acordo de Cid, o que poderia levar à rescisão.
Os dados foram divulgados após a a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciar ao Supremo Tribunal Federal (STF) o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-ministro Braga Netto e mais 32 pessoas por participação em uma trama golpista para mantê-lo no poder após ser derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022.
A denúncia foi oferecida pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, e será apreciada pela Primeira Turma da Corte após ser liberada pelo relator, ministro Alexandre de Moraes.
De acordo com a acusação, Bolsonaro cometeu os crimes de organização criminosa armada, golpe de Estado, tentativa de abolição do estado democrático de direito, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.
Por que Bolsonaro foi denunciado pela PGR?
Segundo a PGR, Bolsonaro 'liderou' organização criminosa que tentou golpe de Estado.
"A responsabilidade pelos atos lesivos à ordem democrática recai sobre organização criminosa liderada por Jair Messias Bolsonaro, baseada em projeto autoritário de poder", escreveu Gonet, na denúncia. De acordo com a PGR, a suposta organização criminosa estava "enraizada na própria estrutura do Estado" e tinha "forte influência de setores militares".