'Eu tiro quem eu quiser, na hora que eu quiser', diz Lula sobre reforma ministerial
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva evitou dizer nesta quarta-feira quando fará uma reforma ministerial em seu governo. Em pronunciamento ao lado do primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro, o petista afirmou ainda estar "contente" com o desempenho da sua equipe.
— Eu mudo quando eu quiser. Da mesma forma que eu convidei quem eu queria, eu tiro quem eu quiser, na hora que eu quiser. É simples assim, sem nenhum problema.
Lula disse que uma eventual mudança no governo é uma coisa íntima dele.
— Mudar ou não mudar o governo é uma coisa que pertence muito intimamente ao presidente da República. Estou contente com meu governo, muito contente, acho que todo mundo cumpriu à risca o que era para fazer. Ao longo do tempo, que não precisa ser em um mês do ano, pode ser no meio, no final do ano, o presidente vai mudando pessoas na medida que ele entende que tem que mudar as pessoas.
Lula ainda destacou que ele próprio nunca falou que fará uma reforma ministerial.
— Não faz parte do meu discurso, nunca nenhum jornalista ouviu eu dizer que vou fazer reforma ministerial. Essa palavra não existe na minha boca.
Há uma expectativa entre auxiliares que Lula anuncie a reforma ministerial nas próximas semanas. Uma das mudanças dada como certa é a entrada da atual presidente do PT, Gleisi Hoffmann, na Secretaria-Geral em lugar de Márcio Macêdo. O Centrão também pressiona para que um dos seus integrantes assuma a pasta de Relações Institucionais, hoje com o petista Alexandre Padilha.
Além disso, a bancada do PSD na Câmara reivindica um ministério maior para o partido, que hoje tem um indicado (André de Paula) na pasta da Pesca. É citada também a possibilidade de saída da ministra da Saúde, Nísia Trinidade.
A pressão no entorno do presidente aumentou após o tombo na popularidade revelado pelos últimos levantamentos. Lula tem hoje a pior avaliação positiva em todas as suas gestões: o percentual dos que consideram o governo ótimo ou bom caiu de 35% para 24%, nos últimos dois meses, segundo o Datafolha. A avaliação negativa do governo (ruim ou péssima) também é recorde e subiu, no período, de 34% para 41%.
A queda na popularidade veio após uma alta de preços dos alimentos e a crise gerada com uma portaria da Receita Federal sobre o Pix e outras formas de transferência de recursos.