Pressionado por denúncia da PGR, Bolsonaro orienta oposição para foco em anistia e desgaste a Lula

Um dia após a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) que o apontou como líder da organização criminosa que tentou dar um golpe de Estado, o ex-presidente Jair Bolsonaro orientou os deputados de oposição a se empenharem na aprovação do projeto que anistia os envolvidos no 8 de janeiro e reforçarem as críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com a popularidade em queda. Bolsonaro se reuniu com os parlamentares nesta manhã no apartamento do deputado Coronel Zucco (PL-RS).
Bolsonaro pediu que a bandeira do impeachment de Lula seja deixada de lado, diante da inviabilidade da aprovação do Congresso. O mote dos discursos será o “Fora, Lula”, mas mirando a eleição de 2026. A estratégia é ampliar o desgaste do presidente, que poderá disputar a reeleição no ano que vem. A oposição pretende organizar manifestações no mÇes que vem.
Na terça, antes da denúncia ser publicada, o vice-presidente da Câmara e líder do PL, Altineu Cortês (PL-RJ), afirmou que o ex-presidente segue sendo a única opção do partido para as próximas eleições.
— Bolsonaro vai se defender e continua sendo nossa primeira, segunda e terceira opção para 2026 — disse.
Bolsonaro está inelegível por determinação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Filho do ex-presidente, o vereador de Balneário Camboriú (SC) Jair Renan Bolsonaro, também participou da reunião na manhã de hoje. Nem ele nem o pai falaram com a imprensa.
O projeto da anistia é relatado pelo bolsonarista Rodrigo Valadares (União-SE). Durante a gestão de Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Câmara, havia sido estabelecido que o tema seria discutido em comissão especial. Hugo Motta (Republicanos-PB), que assumiu o comando da Casa, porém, pode desistir da comissão e levar o projeto direto ao plenário, se a pressão da oposição surtir efeito.
O sentimento de líderes do Centrão é de que o tema apenas será debatido para entrada ou não da pauta de plenário em março, depois que o orçamento de 2025 for aprovado e que as comissões permanentes estiverem instaladas. Apesar da denúncia contra Bolsonaro dar argumentos para o governo pedir o fim do debate pela anistia, a avaliação do Centrão é de que a pressão da direita também vai crescer a partir de agora.