Gleisi chama denúncia da PGR contra Bolsonaro de 'grande presente' de aniversário para o PT

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Gleisi chama denúncia da PGR contra Bolsonaro de 'grande presente' de aniversário para o PT Reprodução

A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, reconheceu nesta sexta-feira que considerou um "grande presente" para o partido a denúncia da Procuradoria-Geral da Republica (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 33 pessoas por participação na trama golpista. A denúncia foi oferecida nesta terça-feira pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, e será apreciada pela Primeira Turma da Corte após ser liberada pelo relator, ministro Alexandre de Moraes.

A declaração foi dada durante a solenidade de abertura da celebração dos 45 anos da sigla, no Rio de Janeiro.

— Não é porque estamos na Presidência da República que não temos luta. Comemoramos o aniversário do PT com um grande presente: a denúncia da PGR contra Bolsonaro. E essa denúncia tem uma data, 2021, quando o Lula foi inocentado. É nessa data que começam os ataques à democracia. Bolsonaro sabia que seria difícil derrotar Lula. Foi um processo longo — discursou Gleisi.

A presidente do partido defendeu que os denunciados tenham o devido processo legal, mas que paguem por seus “crimes à democracia”. A presidente disse ter assistido os vídeos da delação de Cid e as comparou com os depoimentos de Lula ao ex-juiz federal Sergio Moro:

— O Alexandre (de Moraes, ministro do STF) pode ter sido duro, mas ele foi extremamente correto. Eu não vi coação ali, não vi pressão. Ele sendo firme, perguntando, firme para quem estava delatando, dizendo: "Você vai dizer a verdade, é isso?"

Gleisi também reconheceu ser "ruim" os dados da última pesquisa Datafolha, indicando a pior avaliação de Lula em todos os três mandatos do presidente. A avaliação positiva do chefe de Estado cai 11 pontos em dois meses.

— Ficam falando sobre a avaliação do governo. Verdade, a pesquisa é ruim mesmo, não dá para tapar o sol com a peneira. É proveniente de uma série de fatores: (da crise) do Pix, (da inflação) dos alimentos e do afastamento de Lula para cuidar da sua saúde — disse a petista, ponderando, no entanto, ao concluir: — Mas eleições não se ganham de véspera.

À imprensa, após o evento, Gleisi pontuou erros na gestão:

— Não é um erro só de comunicação, é um erro da disputa política na sociedade, que a comunicação reflete isso. Então, é um ministério muito trabalhador, que fez muito, mas eu acho que ficou muito calado em termos de disputa política. Eu acho que agora tá acordando para isso, de falar das coisas, de contrapor as críticas.

A deputada atribuiu a avaliação popular negativa a uma tentativa de descredibilização da política fiscal do governo. Sobre a reforma ministerial, que pode alçar Alexandre Padilha na pasta de Saúde, a presidente disse não comentar essas movimentações.

Em meio a uma disputa interna por sua sucessão, ela foi recebida com gritos de apoio “O meu partido, eu boto fé, porque ele é presidido por mulher”.

Gleisi dividiu a mesa “O Papel dos Setoristas no Futuro do PT” com o presidente da Fundação Perseu Abramo, Paulo Okamotto. A senadora Teresa Leitão (PE), o líder de governo na Câmara, José Guimarães (CE), e as deputadas Dandara (MG) e Maria do Rosário (RS) também estão presentes.

O líder do governo na Câmara usou o espaço para também criticar Bolsonaro.

— Bolsonaro vai ter que ser preso por todos os crimes que cometeu contra a democracia e não vai ter anistia — afirmou José Guimarães.

Na mesma toada, Maria do Rosário, fez um discurso sobre a importância das mulheres nas eleições de 2026. A pauta da reeleição foi abordada por outros dirigentes da sigla.

— A vitória de Lula está na mão das mulheres. São as mulheres que vão reeleger Lula novamente — disse a deputada.

Disputa interna
O encontro ocorre em meio a um racha no PT. O pano de fundo da disputa interna são as eleições para o comando da legenda. O candidato favorito é o ex-prefeito de Araraquara, Edinho Silva. É esperado que Lula declare apoio a ele, neste sábado, e anuncie a atual Gleisi como próxima ministra da Secretaria-Geral da Presidência.

Esses acenos poderiam resolver o entrave relacionado à corrente majoritária do partido, a Construindo um Novo Brasil (CNB).

Aliados de Gleisi e do secretário de comunicação da legenda, o deputado federal Jilmar Tatto (RS), defendem outros nomes, como o líder do governo na Câmara, José Guimarães (CE), ou o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto.

O receio do entorno da atual presidente é com a postura moderada do ex-prefeito, que defende um distensionamento da polarização. Avalia-se que o partido poderia se descaracterizar.

Os defensores de Edinho rebatem que a abertura ao diálogo será essencial para costurar alianças para 2026, sobretudo na chapa de reeleição, caso Lula confirme o seu nome.

Edinho reúne apoios fora da CNB. Uma das maiores correntes, a Mensagem ao Partido indica que pode apoiá-lo. Um de seus integrantes, o deputado federal Reginaldo Lopes(MG), organizou um jantar para ele na noite de quarta-feira. Integrantes de alas menores, como o Movimento PT, também estiveram presentes. A corrente lançou a candidatura de Romênio Pereira, mas ensaia retirar. Já Articulação de Esquerda e a Democracia Socialista (DS) se distanciaram de Edinho.

Principal líder da Articulação de Esquerda, Valter Pomar tem feito críticas à CNB e contra a volta da eleição direta. Há uma articulação em torno do deputado federal Rui Falcão (SP), ex-presidente da sigla, da corrente Novos Rumos, mas ele resiste.




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