Marconi diz que partido não fará fusão com PSD ou MDB
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Após meses de negociações com o PSD e o MDB para uma possível fusão, o presidente do PSDB, Marconi Perillo, anunciou que a sigla desistiu da união com essas legendas. Segundo ele, o PSDB optou por se aliar a dois partidos menores: o Podemos e o Solidariedade. O objetivo é evitar o risco de "extinção" e preservar o programa partidário, uma vez que a aliança com o PSD ou o MDB seria vista como uma submissão aos interesses desses partidos.
"Estamos indo nessa direção, de fazer fusão com partidos menores, para mantermos nossa história e nosso programa. A direção é essa. A base quer isso, e vamos seguir", afirmou Marconi Perillo ao jornal O Globo.
A ideia de se unir ao PSD ou ao MDB gerava divisões internas, principalmente em estados como Minas Gerais, onde figuras como Aécio Neves temiam perder influência para líderes de outras legendas, como o senador Rodrigo Pacheco, do PSD. Desde o início, a base tucana estava desconfortável com a ideia de aliança, considerando que isso poderia prejudicar a tentativa de reabilitação do partido. Assim, as negociações com Podemos e Solidariedade avançaram de forma mais tranquila. Atualmente, o PSDB conta com 11 deputados, três senadores e três governadores.
Ainda não está claro qual será a forma definitiva dessa união. Paulinho da Força, presidente do Solidariedade, declarou que as negociações para uma federação com o PSDB estão em andamento. Contudo, isso exigirá o fim da federação atual com o Cidadania, o que deve ser decidido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com a possibilidade de um pedido antecipado sendo analisado pelo ministro André Mendonça.
Embora a presidente do Podemos, Renata Abreu, não tenha se manifestado, os tucanos apontam que uma fusão com o Podemos é uma possibilidade real. A negociação está centrada na criação de um novo estatuto que combine os programas dos dois partidos, com a ideia de manter o nome de ambas as legendas, como "PSDB-Podemos". Para os tucanos, o PSDB deve liderar a frente, devido à sua história e antiguidade.
A principal esperança do PSDB é que as eleições de 2026 permitam o lançamento de um candidato com bom desempenho na corrida presidencial. Mesmo que o candidato não vença, alcançar de 7% a 8% dos votos seria visto como um sinal de renovação para o partido, segundo a liderança tucana. O nome do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, continua sendo o mais cogitado para essa disputa.
O PSDB vem enfrentando dificuldades desde as eleições de 2018, quando Geraldo Alckmin obteve apenas 4,76% dos votos. Nos anos seguintes, o ex-governador João Doria tentou alinhar-se com Jair Bolsonaro, mas recuou diante das posturas negacionistas do ex-presidente durante a pandemia. Esse vai-e-vem político afetou a imagem do partido e resultou em perdas nas eleições municipais de 2020, quando o PSDB não conquistou prefeituras em capitais pela primeira vez desde 1988.