O petróleo brasileiro é menos poluente? Entenda o que dizem os indicadores

Folha de São Paulo
O petróleo brasileiro é menos poluente? Entenda o que dizem os indicadores Plataforma de extração de petróleo P-57, da Petrobras, no litoral do Espírito Santo - Bruno Santos/Folhapress

Petroleiras e representantes da área energética do governo defendem a expansão das fronteiras exploratórias de petróleo no Brasil, argumentando que o país possui uma produção de baixo carbono. Eles afirmam que, caso o Brasil interrompa sua produção, o mundo acabaria recorrendo a combustíveis mais poluentes de outras regiões.

Especialistas, porém, consideram o petróleo brasileiro de intensidade média em carbono, ficando atrás apenas de alguns grandes produtores. No entanto, não é possível garantir que novas fronteiras, como a margem equatorial, terão o mesmo perfil.

A diretora-geral da Coppe/UFRJ, Suzana Kahn, explica que o indicador de intensidade de carbono na produção de petróleo calcula as emissões de gases para cada barril extraído, incluindo o uso de energia elétrica, combustíveis e a queima de gases nas plataformas. A Agência Internacional de Energia (IEA) também leva em consideração outras etapas, como o transporte do petróleo e as emissões do refino.

A Petrobras afirma que compara seus dados com indicadores de organizações como a IOGP (Associação Internacional dos Produtores de Petróleo e Gás) e a OGCI (Iniciativa Climática do Petróleo e Gás). Entretanto, essas entidades não publicam dados específicos por empresa. A média global da OGCI, com base em dados de 2023, foi de 17,91 kgCO²eq/barril, enquanto a Petrobras reportou 14,2 kgCO²eq/barril no seu relatório GRI de 2023.

De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a média nacional é de cerca de 16 kgCO²eq/barril, colocando o Brasil em nono lugar entre os 19 maiores produtores de petróleo. Para a IEA, o Brasil ocupa a quinta posição em uma lista de 20 países produtores, com 82 kgCO²eq/barril, ficando atrás de Noruega, Arábia Saudita, Kuwait e Emirados Árabes Unidos. A Noruega investe em soluções para reduzir suas emissões, enquanto os outros países têm maior produção terrestre.

Especialistas explicam que a produção offshore, como a brasileira, tende a gerar mais emissões devido ao transporte necessário, mas a elevada produtividade dos campos do pré-sal contribui para mitigar o impacto. A Petrobras afirma que a intensidade de carbono do pré-sal é de cerca de 10 kgCO²eq/barril, com variações, como na Bacia de Santos, que apresenta uma média de 11,9 kgCO²eq/barril.

O campo de Tupi, o maior produtor do país, por exemplo, apresenta plataformas com emissões que variam de 9 a 30 kgCO²eq/barril, dependendo da plataforma. Essa alta produtividade ajuda o pré-sal a manter uma intensidade de carbono semelhante à da Noruega, um dos países com menor impacto ambiental na produção de petróleo.

Juliano Bueno de Araújo, presidente do Instituto Arayara, destaca que não é possível garantir que novas fronteiras, como a Bacia Foz do Amazonas, terão a mesma intensidade energética do pré-sal. A exploração dessa área, que exigirá uma base em Belém, distante 830 quilômetros da região de exploração, tende a aumentar as emissões devido aos custos e impactos do transporte.

A S&P Global Commodity Insights divulga indicadores de intensidade de carbono para os diferentes tipos de petróleo, ajudando compradores a escolherem os com menor impacto ambiental. A "tabela periódica" do petróleo coloca o petróleo produzido no campo de Liza, na Guiana, com uma intensidade de carbono similar à do pré-sal de Tupi, sendo usado como exemplo na defesa da exploração na Foz do Amazonas.




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