Emendas Pix jogam 12% do investimento federal no escuro

Folha de São Paulo
Emendas Pix jogam 12% do investimento federal no escuro Agencia Senado/ reprodução

O governo federal tem enfrentado dificuldades para acompanhar o uso das emendas parlamentares, conhecidas como "Pix", que permitem aos deputados e senadores direcionar recursos para prefeituras e governos estaduais sem precisar de convênios ou identificação de projetos específicos. Aproximadamente 12% dos investimentos realizados entre 2023 e 2024, no valor de R$ 14,3 bilhões, estão classificados como "encargos especiais", com finalidade desconhecida.

Embora os investimentos em áreas como transporte, defesa nacional e saúde sejam mais facilmente identificáveis, a falta de transparência e rastreabilidade das emendas Pix tem gerado preocupação. Esses recursos são parte de uma estratégia do governo Lula para assegurar a governabilidade, mas não há clareza sobre a execução dos mesmos. O Ministério da Fazenda e o Tesouro Nacional não comentaram sobre o assunto.

A controvérsia das emendas Pix se agravou quando o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu todas as emendas parlamentares em agosto de 2023, até que critérios de transparência e rastreabilidade fossem implementados. O ministro Flávio Dino, que emitiu a decisão, ordenou uma auditoria específica para as Pix. Após intensas discussões, o Congresso aprovou um projeto de lei para regulamentar a prática, e o presidente Lula liberou as emendas travadas.

Entretanto, a opacidade no uso das emendas continuou a gerar suspeitas de desvios, com a Polícia Federal investigando diversos casos. Em dezembro, Dino decidiu liberar os pagamentos, mas com novas restrições, como a exigência de planos de trabalho e identificação das contas bancárias das prefeituras que receberiam os recursos.

A falta de planejamento é vista como um dos maiores problemas das emendas Pix. Por não estarem vinculadas às metas do Plano Plurianual (PPA), elas não seguem diretrizes claras de gestão pública, o que pode prejudicar as políticas de longo prazo. O analista Humberto Nunes Alencar, do Ministério do Planejamento, aponta que municípios pequenos têm sido mais beneficiados pelas emendas, o que levanta questionamentos sobre a fiscalização do uso desses recursos.

A transparência das emendas Pix continua sendo um tema central no debate entre Executivo, Legislativo e Judiciário, com novos desafios previstos para os próximos meses.




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