Extrema direita busca resultado histórico em eleição na Alemanha

Folha de São Paulo
Extrema direita busca resultado histórico em eleição na Alemanha reprodução

Friedrich Merz está cada vez mais perto de se tornar o próximo primeiro-ministro da Alemanha. Sua liderança nas pesquisas indica uma possível mudança significativa na política do país, mas, mesmo assim, o foco está voltado para o segundo colocado, o partido AfD (Alternativa para Alemanha), que deve atingir seu melhor resultado em 90 anos nas eleições parlamentares deste domingo (23).

A AfD, fundada em 2013 para contestar a condução econômica da Europa, rapidamente se radicalizou ao adotar bandeiras populistas e xenófobas. Inspirada pela vitória de Donald Trump nos Estados Unidos, a legenda foi marcada por integrantes investigados por discurso de ódio e neonazismo, mas ganhou visibilidade global, recebendo apoio de figuras como Elon Musk. Esse crescimento reflete a crescente onda populista que domina diversos países da União Europeia, e a Alemanha, sua maior economia, verá uma forte presença da extrema direita no Bundestag.

O que está em jogo vai além das políticas imigratórias e ambientais, temas que preocupam os alemães. O discurso de J.D. Vance, vice-presidente dos EUA, na Conferência de Segurança de Munique, gerou indignação na Europa. Vance comparou a situação da Europa com autocracias e criticou a prática de isolar a extrema direita do Parlamento, enquanto Trump se aproximava de Putin e chamava Zelensky de ditador, em um cenário de crescente tensão entre a Europa e a Rússia.

A guerra na Ucrânia impactou diretamente a coalizão de governo liderada por Olaf Scholz, que viu os gastos com defesa subirem para 2% do PIB, enquanto a economia estagnava. A dependência de gás russo exigiu mudanças rápidas e custosas, e a austeridade fiscal agravou ainda mais o cenário. A insatisfação com a economia fez com que os alemães se manifestassem nas ruas, com greves e protestos se espalhando pelo país.

Merz, do CDU, promete "destravar" a economia, cortando a burocracia e promovendo a digitalização. Seu discurso, porém, se aproxima do da extrema direita em relação à imigração, o que gerou críticas. Embora afirme que nunca formará uma coalizão com a AfD, ele defende uma postura mais rígida quanto à imigração, e acusa a falta de reação a episódios de violência imigrante de aumentar o apoio à AfD. O último incidente, ocorrido em Berlim, envolveu um refugiado sírio que agrediu um turista espanhol no Memorial do Holocausto.

A AfD, por sua vez, continua a defender soluções extremas, como a saída da Alemanha da União Europeia e o retorno da moeda alemã. Suas propostas econômicas geram grande preocupação entre empresas, enquanto sua líder, Alice Weidel, com uma excelente formação, mantém uma agenda que contradiz aspectos de sua própria vida pessoal. Ela, que projeta a AfD no poder até 2029, acredita que o partido pode estar em uma coalizão de governo antes do previsto, especialmente após o apoio crescente de figuras internacionais como Musk.

Merz, no entanto, mantém firme sua posição, afirmando que não governará com a AfD e a acusando de representar tudo o que ele e seu partido não são.




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