Funcionários saíam para beber e abandonavam idosos em clínica
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Uma clínica clandestina que abrigava idosos em condições precárias foi interditada pela Polícia Civil (PC) nesta sexta-feira (21), em Joanápolis, distrito de Anápolis. A operação, conduzida pela Delegacia do Idoso de Anápolis (Deai), resultou no resgate de 11 idosos em situação de abandono. O responsável pelo local, que segue foragido, é investigado por práticas criminosas.
O delegado Manoel Vanderic, titular da Delegacia do Idoso, explicou que a ação foi desencadeada após uma idosa de 70 anos conseguir contatar seus familiares e relatar os maus-tratos que sofria. “Recebemos a denúncia na quinta-feira, e a família foi até o local e retirou a idosa. Quando os agentes chegaram, encontraram 11 idosos em condições extremas de vulnerabilidade”, afirmou o delegado.
A clínica funcionava em uma propriedade rural alugada há três meses, sendo que o aluguel não havia sido pago. Os idosos estavam sob cuidados de dois ex-dependentes químicos, que haviam sido internos de uma outra clínica do mesmo proprietário. O ambiente era insalubre: “Encontramos o local sujo, com fezes, urina, comida estragada e pouca comida na geladeira. Os idosos estavam sujos e com sinais de doenças de pele”, relatou Vanderic.
Além disso, os idosos estavam sendo administrados com medicamentos psiquiátricos sem supervisão médica. “Havia muitas medicações psiquiátricas, mas os responsáveis pelo local não tinham formação nem experiência para administrá-las”, explicou o delegado.
O proprietário da clínica, que já havia sido preso em 2023 por crimes semelhantes, permanece foragido. A investigação revelou que ele era responsável por outra clínica de dependentes químicos, também fechada por maus-tratos. O gerente financeiro da clínica também foi indiciado. Os idosos pagavam entre R$ 800 e R$ 1.500 mensais pelo serviço, mas não recebiam cuidados médicos, psicológicos ou de enfermagem.
Os idosos resgatados foram encaminhados para abrigos municipais, e parte deles já foi reunida com seus familiares. A investigação continua, e o responsável pela clínica será processado por maus-tratos, cárcere privado, apropriação de aposentadoria, retenção de documentos e trabalho análogo à escravidão.