O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, declarou neste domingo que estaria disposto a renunciar se isso trouxesse paz para o país. O comentário veio dias após o presidente Donald Trump questionar sua legitimidade e chamá-lo de "ditador sem eleições", repetindo um argumento frequentemente usado pelo Kremlin.

Zelensky também enfrentou a pressão de Trump para assinar um acordo sobre minerais, uma proposta que a Ucrânia considera preocupante. Além disso, ele anunciou uma reunião com mais de 30 países, que ocorrerá na segunda-feira, como parte de uma coalizão de apoio à participação da Ucrânia na guerra.

Não está claro se Zelensky considerava seriamente a renúncia ou se estava apenas respondendo aos recentes ataques de Washington e Moscou. Ele também mencionou a possibilidade de trocar sua saída da presidência pela adesão da Ucrânia à OTAN, uma solução que poderia ser viável, dada a oposição de Trump à entrada da Ucrânia na aliança militar.

"Se isso trouxer paz para a Ucrânia e se precisarem da minha renúncia, estou pronto", afirmou Zelensky em uma coletiva de imprensa no domingo, véspera do terceiro aniversário da guerra. "Em segundo lugar, posso trocar isso pela OTAN."

Enquanto isso, as negociações entre Ucrânia e Estados Unidos sobre um acordo envolvendo minerais e outros recursos naturais do país continuam em andamento. Zelensky afirmou que ainda não estava disposto a aceitar a última proposta americana, que exigia que a Ucrânia pagasse US$ 500 bilhões utilizando os recursos naturais do país. "Não discutirei algo que será pago por dez gerações de ucranianos", disse Zelensky.

As conversas se estenderam até a noite de sábado, coincidentemente com um grande ataque de drones sobre as cidades ucranianas. A Força Aérea Ucraniana afirmou que a Rússia havia lançado 267 drones, o maior número desde o início da guerra, há três anos. Embora a maioria dos drones tenha sido abatida ou neutralizada por interferência eletrônica, os destroços causaram danos a casas e incêndios em partes de Kiev.

Na noite de sábado, Trump intensificou a pressão sobre a Ucrânia para aprovar o acordo, que já está sendo negociado há mais de 10 dias. Diversas propostas foram rejeitadas pelos ucranianos por não oferecerem garantias de segurança específicas para proteger Kiev contra futuras agressões russas.