Pré-candidatura de Caiado irrita bolsonaristas após denúncia de Bolsonaro por trama golpista

O GLOBO
Pré-candidatura de Caiado irrita bolsonaristas após denúncia de Bolsonaro por trama golpista Reprodução

Quatro dias após a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, anunciou nas redes sociais o evento de lançamento de sua pré-candidatura à Presidência, agendado para 4 de abril. Essa atitude foi considerada "oportunista" por correligionários do ex-presidente.


Apesar de já ter demonstrado a intenção de se posicionar como o candidato da direita e de herdar o legado de Bolsonaro, Caiado tem enfrentado desentendimentos com o ex-presidente desde 2020. Atualmente, entre os governadores que se apresentam como presidenciáveis, aquele que mais atrai a simpatia de Bolsonaro é Ratinho Júnior (PSD), do Paraná; essa dinâmica pode mudar se o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), optar por se candidatar.


A insatisfação do núcleo mais próximo do bolsonarismo foi manifestada publicamente pelo deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO).


— É amigo próximo do Xandão — disparou, numa referência ao ministro do STF Alexandre de Moraes, considerado o algoz de Bolsonaro. — Obrigou as crianças a vacinarem contra Covid, manda fazer busca e apreensão na casa de seus adversários, ameaça qualquer um que fique contra ele.


Agendado para abril, o evento de Caiado ocorrerá no Centro de Convenções de Salvador, na Bahia, com uma capacidade para 20 mil pessoas. O vice-presidente nacional do União Brasil, ACM Neto, e o prefeito de Salvador, Bruno Reis, estarão à frente da celebração.

Na estrada

Na cerimônia, Caiado receberá o título de cidadão honorário da Bahia, uma proposta feita por Reis quando ele era deputado estadual. Além disso, estão em andamento negociações para atrações musicais para o evento.


Após isso, o governador fará uma viagem por todas as regiões do Brasil. Apesar de ter uma boa avaliação em Goiás, ele é desconhecido por 68% do eleitorado nacional, conforme uma pesquisa da Quaest divulgada no início do mês.


Ao se envolver em mais um desentendimento com os apoiadores de Bolsonaro, Caiado pode ter comprometido as negociações para seu vice e potencial sucessor, Daniel Vilela (MDB). Recentemente, Vilela participou de uma reunião com Bolsonaro, organizada pelo vereador de Goiânia e ex-líder do governo do ex-presidente na Câmara, Major Vitor Hugo, que deseja concorrer ao Senado.


Esse encontro gerou uma disputa interna no PL, e Major Vitor Hugo foi acusado de vínculo excessivo com Vilela e Caiado. Na ocasião, o presidente estadual do partido, o senador Wilder Morais, declarou que a sigla terá seu próprio candidato ao governo.


Entretanto, Morais foi posteriormente desautorizado pelo próprio Bolsonaro, que afirmou que ele não terá a responsabilidade de tomar tais decisões e não descartou a possibilidade de aliança com o MDB.

— Não pode é (compor) com o PT. O resto, fica à vontade. Se tiver interesse do Caiado, do Wilder, da minha parte, sem problema nenhum — disse Bolsonaro à Band.


Daniel Vilela, por sua parte, expressou contentamento com a possibilidade de formar uma parceria com o PL, no entanto, destacou que essa questão ainda não foi discutida.

— Respeitando todas as lideranças do PL, no momento oportuno faremos esse diálogo, em sintonia com o nosso grupo político e sempre buscando o melhor para o nosso estado


Espera cautelosa

Enquanto Caiado já convocou seu evento de pré-candidatura à presidência, Ratinho Júnior opta por uma abordagem mais prudente. Embora tivesse a intenção de lançar um projeto nacional e de sucessão no Paraná ainda no primeiro semestre deste ano, ele decidiu não “queimar a largada” por ora, conforme afirmam seus aliados.


Essa cautela se deve à expectativa de assumir o lugar de Bolsonaro, caso sua inelegibilidade se mantenha, ou de se aliar a algum membro da família, como a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Recentemente, o ex-presidente tem manifestado apreço por Ratinho.

— Me dou muito bem com ele, pode ser um nome, pode ser um nome para a direita, um bom gestor também — afirmou o ex-mandatário à CNN.




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