Planos de saúde: Associação de servidores da ANS faz crítica a novo modelo proposto pela agência

Uma crítica contundente ao projeto de um plano de saúde com cobertura apenas de consultas e exames foi publicada na noite deste domingo pela Associação dos Servidores e demais Trabalhadores da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em suas redes sociais. No texto a associação diz que com o novo modelo proposto "seria possível subir os preços dos planos de cobertura completa de forma a garantir margens maiores (para as empresas), sem o receio de perda de clientes no mercado. Estes seriam absorvidos nos novos planos de coberturas menores, em um downgrade em massa."
A Assetans lembra ainda que "planos com cobertura limitada e reajustes desregulamentados já foram fartamente testados no país, trazendo muitos problemas, dores de cabeça e sofrimento para a população. Culminaram com uma forte reação da sociedade civil, que veio a se manifestar na forma da Lei nº 9.656, de 3 de junho de 1998, a lei dos planos de saúde."
Os servidores destacam ainda que uma das justificativas para o lançamento de um plano mais "acessível" seria a ampliação do número de brasileiros com planos de saúde, mas a entidade avalia que " a população não tem renda para avançar muito acima dos 25% de indivíduos sob cobertura". E avalia que "haveria sim um novo desenho de mercado, com menos brasileiros sob a proteção de planos “completos” e um novo contingente de pessoas sob planos de cobertura reduzida, tal como no Brasil dos anos 80 e 90, anterior à lei dos planos de saúde."
A associação chama atenção para o fato que a margem de lucro das operadoras, segundo dados da ANS, ser de 3%. Na publicação, a entidade diz que "margens pequenas em um setor indicam que há pouco espaço para aumento de preços sem que haja perda de consumidores: os vendedores já colocaram o preço no limite do que podem capturar de seus consumidores. Em outras palavras, na forma como hoje está desenhado o mercado, se o preço subir muito mais, haverá queda no número de beneficiários."
E continua:
"Uma solução bem-vinda seria a possibilidade de aumentar as margens de lucro não pelo aumento dos preços, mas pela redução dos custos. Isso poderia se dar com um choque de gestão e eficiência no mercado. Mas isso leva tempo e trabalho. E aí o plano popular se encaixa como uma luva. No contrato de plano de saúde, existem duas formas de controlar o lucro: via preço ou via cobertura. Se o preço está no limite, reduz-se a cobertura.
Se a cobertura já é a mínima possível, pois é controlada pelo estado, então que se desregule a cobertura, colocando em seu lugar algo menor, de preferência bem menor."
Os servidores fecham o texto ressaltando a necessidade de uma discussão "transparente e sem venda de cenários ilusórios".
"O fato inegável é que esse novo desenho permitirá o alcance de margens de lucro consideravelmente maiores pelas operadoras de planos de saúde", fecha a publicação da Assetans.