Trump agrava relações com a União Europeia e anuncia novas tarifas comerciais

O presidente Donald Trump tem dois problemas: o que ele faz e como ele faz, sempre de forma agressiva, a mais bélica possível. O anúncio das tarifas de 25% sobre as importações da União Europeia foi feito pelo presidente americano, nesta quarta-feira, usando a seguinte definição para o bloco econômico:
"A União Europeia foi criada para ferrar os Estados Unidos. Esse era o objetivo e eles alcançaram. Mas agora eu sou o presidente. Nós somos o pote de ouro. Basta não comprar mais nada deles. Se isso acontecer, nós ganhamos."
Os Estados Unidos não são o pote de ouro, o comércio internacional em si é que é, ao gerar atividades econômicas em todos os países.
A declaração de Trump contém agressividade e ignorância. Agressividade em relação a um parceiro tradicional dos Estados Unidos e ignorância porque, se os EUA pararem de comprar da UE, muitas empresas americanas terão problemas de suprimento e a economia vai sofrer com isso.
O anúncio, menos de 48 horas depois do encontro de Trump com o presidente francês Emmanuel Macron, mostra o desprezo do americano pelo diálogo. Macron deixou a Casa Branca, na segunda-feira, convencido de que Trump havia desistido do tarifaço contra a União Europeia. O francês não teria se enganado tanto, tudo indica que Trump deu sinais trocados, diante da declaração do presidente francês de que esperava tê-lo convencido que "não se pode ter uma guerra comercial com a China e a Europa ao mesmo tempo".
Trump também derrubou qualquer esperança de que houvesse uma chance de desistir da guerra comercial com o México e o Canadá. Ele falou sobre a implementação das tarifas em 2 de abril. Funcionário da Casa Branca afirma, no entanto, que a data é 4 de março e que ainda não haveria decisão sobre nova postergação de prazo para o novo percentual começar a valer.
Ele deixou ainda mais clara a sua ideia de promover uma guerra comercial com todo o mundo, voltando ao tempo do imperialismo unilateralista que é uma política muito ruim e muito velha. O melhor para o mundo, para a economia global, é a cooperação entre todos os países e blocos econômicos.
Pode haver retrocesso do ponto de vista da burocracia na implementação das novas tarifas para importação anunciadas pelo presidente americano, mas está claro que Trump quer escalar para uma guerra comercial.
Para além da economia, Donald Trump tem tomado atitudes abjetas, como a divulgação do vídeo, nesta quarta-feira, da sua visão para Gaza, a de "Riviera do Oriente Médio". O presidente dos EUA mostra um desrespeito profundo aos valores mais básicos da Humanidade.
As medidas adotadas pelo governo Trump terão reflexos nocivos na economia como um todo. Mas está acontecendo uma coisa muito mais perigosa: os sinais de desmantelamento da cooperação entre Estados Unidos e Europa, que reorganizou o mundo pós-guerra, de toda a geopolítica internacional.