Rússia aponta falta de diplomacia de Zelensky após episódio com Trump e prevê negociações difíceis

O governo russo qualificou nesta segunda-feira (3) o desentendimento entre os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, como um "episódio sem precedentes".
Na sexta-feira, Trump e Zelensky se encontraram no Salão Oval da Casa Branca, em Washington, para discutir um acordo sobre a exploração de recursos minerais na Ucrânia pelos EUA, o qual acabou não se concretizando.
"O que aconteceu na Casa Branca na sexta-feira, é claro, demonstrou o quão difícil será chegar a uma trajetória de acordo em torno da Ucrânia. O regime de Kiev e Zelensky não querem paz. Eles querem que a guerra continue", disse Peskov.
O incidente que provocou intensas reações da comunidade global e levantou dúvidas sobre uma possível aliança entre Washington e Moscou. Ao ser indagado sobre um novo contato entre Trump e o presidente russo, Vladimir Putin, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, respondeu: "nenhum (contato) que possa ser tornado público".
Peskov não criticou a postura de Trump, mas acusou Zelensky de "uma completa falta de abilidade diplomática, no mínimo" e disse que o episódio mostrou que será difícil uma negociação com Kiev.
O porta-voz afirmou ainda que Putin "está ciente" do bate-boa, mas não quis dizer se ele fez comentários sobre a discussão.
Reino Unido, França e Ucrânia concordaram em elaborar um plano de cessar-fogo para apresentar aos EUA, disse o primeiro-ministro britânico Keir Starmer.
"Concordamos que o Reino Unido, juntamente com a França e possivelmente mais um ou dois países, trabalhará com a Ucrânia em um plano para interromper os combates. E então discutiremos esse plano com os Estados Unidos. (...) É realmente importante mantermos nosso foco central, que é a paz duradoura na Ucrânia", afirmou Starmer em entrevista à rede britânica BBC.
Starmer caracterizou a decisão como "um avanço na direção" correta, após o desentendimento entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e Zelensky na Casa Branca na última sexta-feira. Durante o encontro, Trump acusou o presidente ucraniano de demonstrar ingratidão pelo apoio norte-americano na sua luta contra a invasão russa, e o encontro não resultou na assinatura do acordo sobre terras raras na Ucrânia.
"Em vez de cada país da Europa avançar separadamente, o que seria bastante lento, provavelmente precisamos formar agora uma coalizão dos dispostos", disse Starmer.