Milei volta a ameaçar saída do Mercosul e alega que bloco enriqueceu apenas o Brasil


Milei volta a ameaçar saída do Mercosul e alega que bloco enriqueceu apenas o Brasil

O presidente argentino, Javier Milei, voltou a insinuar a possibilidade de retirar o país do Mercosul, afirmando que o bloco econômico, que inclui cinco nações sul-americanas, beneficiou apenas o Brasil.

Durante um discurso no sábado (1º) na abertura do Congresso argentino em 2025, Milei comentou sobre a opção de sair do Mercosul para estabelecer um acordo comercial com os Estados Unidos. O presidente americano, Donald Trump, é um verdadeiro parceiro do líder argentino.

"O primeiro passo nesta trilha é a oportunidade histórica que temos de entrar em um acordo comercial com os EUA. Para aproveitar esta oportunidade histórica que nos é apresentada novamente, é necessário estar disposto a flexibilizar ou mesmo se for o caso sair do Mercosul, que a única coisa que conseguiu desde a sua criação é enriquecer os grandes industriais brasileiros às custas do empobrecimento dos argentinos", disse Milei.

Milei já tinha sugerido em janeiro que poderia deixar o Mercosul se isso fosse necessário para finalizar um acordo de livre comércio com os Estados Unidos.

O presidente da Argentina declarou ao Congresso que sua "motosserra", um símbolo do seu plano para desmantelar o Estado, representa "uma nova era" para o país.

Milei também mencionou que Elon Musk, conselheiro de Trump e líder do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês), se inspirou na estratégia de "motosserra" do presidente argentino para diminuir o tamanho do governo americano.

"Hoje os olhos do mundo se voltam para a Argentina depois de muito tempo e, em alguns casos, até tomam nota do trabalho que fizemos para aplicá-lo em seus próprios países, como está fazendo Elon Musk à frente da pasta de desregulamentação dos EUA. Não é pouca coisa o que Elon está fazendo com a motosserra. Desta vez, em vez de ir na contramão do mundo, a Argentina está na vanguarda do mundo", afirmou Milei.

A política de "motoserra" de Milei, que tem como foco desregulamentar o Estado argentino e chamada por ele de "ambiciosa política econômica", diminuiu a inflação argentina, mas causou o aumento da pobreza.

Em seu discurso, Milei também anunciou que a Argentina está perto de fechar um novo acordo com o FMI, que incluiria um empréstimo do Fundo Monetário Internacional para "eliminar os controles cambiais ainda este ano". Ele esclareceu que o pagamento da dívida virá "de um maior ajuste fiscal por meio da redução dos gastos públicos".

Durante a primeira metade de seu discurso de 45 minutos, Milei fez um balanço de seu primeiro ano de governo e classificou seu programa econômico como "o mais bem-sucedido até hoje": "Reduzimos a inflação em uma velocidade sem precedentes", afirmou.

O presidente da Argentina, Javier Milei, declarou em 22 de janeiro que está preparado para puxar o país para fora do Mercosul, o bloco comercial que engloba cinco nações sul-americanas, se isso for necessário para finalizar um tratado de livre comércio com os Estados Unidos.

"Se a condição extrema fosse essa, sim", respondeu o chefe de Estado quando questionado sobre a possibilidade de a Argentina deixar o Mercosul para firmar um acordo com Washington.

As afirmações de Milei ocorreram durante um evento promovido pela Bloomberg em Davos, na Suíça, simultaneamente ao Fórum Econômico Mundial.

No mês de dezembro, o líder ultraliberal argentino revelou sua intenção de fomentar um acordo de livre comércio com Washington em 2025, ano em que Donald Trump deverá assumir a presidência dos EUA.

"Estamos trabalhando muito intensamente na possibilidade de negociar um tratado de livre comércio" com os EUA, afirmou Milei, dois dias após ter participado da cerimônia de posse de Trump, seu aliado político.

Milei não informou se sua intenção é negociar esse acordo de maneira isolada ou em colaboração com os aliados do Mercosul, que em teoria impede tratativas bilaterais sem a aprovação dos outros integrantes do bloco.

As negociações entre o Uruguai e a China em 2022 provocaram resistência dos demais países do Mercosul.

"Digamos que há mecanismos pelos quais é possível fazer isso permanecendo dentro do Mercosul", afirmou Milei. "Portanto, acreditamos que é possível alcançar esse objetivo sem ter que abandonar o que já se tem no âmbito do Mercosul."

O presidente argentino assegurou que está colaborando com os países do Mercosul "para que isso não se torne um obstáculo para o avanço do livre comércio".

O Mercosul, criado em 1991, abrange Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e, desde 2023, a Bolívia. A Venezuela foi suspensa em 2016.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou em dezembro que as negociações para um acordo entre a União Europeia e o Mercosul foram finalizadas, embora o acordo ainda precise ser ratificado.

Entretanto, várias nações, entre elas a França, estão insatisfeitas com o acordo. A França está buscando reunir outros países europeus para impedir sua ratificação.





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