Deputada Delegada Adriana Accorsi que diz proteger mulheres emprega assessor que agrediu mulher

Em um caso que expõe uma enorme incoerência, a Deputada Federal Delegada Adriana Accorsi (PT), que construiu sua carreira política sobre a bandeira do combate à violência contra mulheres, mantém como assessor um homem preso em flagrante por agressão doméstica.
Diego Oliveira Mendes Lira, assessor de Accorsi desde fevereiro de 2025, foi preso em flagrante em outubro de 2023 pela prática dos crimes previstos no Art. 129 §13 e Art. 140 do Código Penal Brasileiro, em conexão com a Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006). O caso resultou em medidas protetivas, incluindo o afastamento do lar e proibição de aproximação da vítima.
Trecho dos autos do flagrante; Reprodução
O fato de Accorsi ter contratado Diego Lira mesmo com seu histórico de violência doméstica levanta sérios questionamentos: ou a delegada não verificou os registros policiais de seu novo funcionário – uma falha grave para alguém com sua experiência profissional – ou, mais preocupante ainda, considerou irrelevante o passado de agressões de seu atual assessor.
Lista de assessores da deputada no site da Câmara (Reprodução Transparência da Câmara dos Deputados).
A situação é particularmente alarmante considerando que Accorsi chegou a lançar candidatura à prefeitura de Goiânia com um discurso fortemente centrado na defesa das mulheres e no combate à violência de gênero. Enquanto publicamente se posiciona como defensora das mulheres, a delegada contratou deliberadamente um homem preso em flagrante por agredir uma mulher.
Material de campanha (Reprodução)
"DIEGO OLIVEIRA MENDES LIRA, preso(a) pela prática, em tese, do(s) delito(s) tipificado(s) na(o) CPB Art. 129 §13, Art. 140 CAPUT, C/C TODAS AS ANTERIORES, LEI 11.340/2006 Art. 5", consta no documento judicial que registra a prisão em flagrante do assessor.
A questão levanta muitos questionamentos sobre a autenticidade do compromisso de Accorsi com a causa que ela diz defender e coloca em dúvida a coerência e a ética entre o discurso público e as reais práticas como gestora e figura política.
Projeto de lei que impediria contratar agressores aguarda eternamente por um parecer
Enquanto isso, o Projeto de Lei 291/23 que proíbe a contratação, na administração pública federal, estadual, distrital e municipal, de pessoas que forem condenadas por violência contra a mulher com base na Lei Maria da Penha, que tramita na Câmara dos Deputados aguarda parecer. O texto em análise estende essa vedação a instituições de beneficência, empresas privadas, associações recreativas ou outras entidades sem fins lucrativos, bem como aos profissionais liberais.
“Quanto mais proteção o Estado puder oferecer à mulher melhor será a garantia de vida”, disse o autor da proposta, deputado Josenildo (PDT-AP), ressaltando que, em 2022, foram registradas 31.398 ocorrências em todo o País com referência à Lei Maria da Penha.