Governador Ronaldo Caiado afrouxa regras para nomeações em estatais

Em uma manobra que desperta a atenção e a desconfiança do público, o governador Ronaldo Caiado (UB) anunciou a flexibilização das regras para nomeações em estatais goianas. O novo decreto, que elimina a proibição de nomear pessoas que tenham exercido cargos de direção partidária ou participado de campanhas eleitorais nos últimos três anos, abre a porta para uma série de nomeações políticas que podem ser vistas como uma estratégia para consolidar apoio eleitoral em um cenário pré-eleitoral.
Com a mudança, oito das 11 estatais em Goiás, que possuem receita inferior a R$ 90 milhões anuais, agora estão suscetíveis a indicações que vão além da competência técnica, permitindo que políticos com histórico de campanhas e cargos partidários ocupem posições de destaque. Entre os primeiros beneficiados está Carlos Alberto Andrade Oliveira, conhecido como Carlão da Fox, ex-prefeito de Goianira, indicado para a presidência da Ceasa.
Carlão da Fox (União Brasil) , ex-prefeito de Goianira, indicado para a presidência da Ceasa e Ronaldo Caiado.
Outros ex-prefeitos, como Adib Elias (MDB), Paulo do Vale (UB), Roberto Naves (REP) e Humberto Machado (MDB), também estão cotados para cargos no governo. Essa movimentação levanta bandeiras vermelhas sobre as intenções de Caiado, que já se declarou pré-candidato à presidência em 2026. A nomeação de aliados políticos em estatais pode ser vista como uma forma de “comprar” apoio para fortalecer sua base eleitoral para as eleições do próximo ano.
As estatais, além de abrigarem cargos para políticos, também servem como um espaço para acomodar secretários e apadrinhados do governo em conselhos, onde salários exorbitantes são frequentemente pagos. Reportagem publicada por O Popular no ano passado revelou que alguns diretores de estatais recebem mais de R$ 30 mil mensais, um valor que pode ultrapassar o dobro do salário do governador.
Essa mudança ocorre em um momento em que a Política Estadual de Governança das Estatais, implementada menos de um ano atrás e que visava aumentar a transparência e a organização das nomeações, parece ter sido deixada de lado. Em 2019, Caiado já havia alterado as regras para favorecer aliados, mas revogou o decreto em 2022 após recomendações da Controladoria Geral do Estado (CGE).
Com a nova medida, fica evidente que a política de Goiás pode estar se afastando de uma governança ética e transparente, favorecendo interesses pessoais e políticos em detrimento do bem público. A sociedade goiana observa atentamente os desdobramentos dessa estratégia que, a cada dia, se torna mais evidente como um jogo de poder em um tabuleiro eleitoral que se prepara para 2026.