Aeroporto de cargas vira alvo de embate entre Goinfra e Infraero
Governo de Goiás e estatal federal trocam acusações sobre a gestão do aeroporto de cargas de Anápolis, que nunca foi concluído.

A gestão do aeroporto de cargas de Anápolis (GO), que nunca foi concluído e segue até hoje inoperante, virou alvo de um embate entre o governo de Goiás e a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero). Até o final do ano passado, tudo corria para um acordo de federalização do aeroporto, a pedido do governo goiano. Mas, em fevereiro passado, o Estado anunciou que as conversas estariam encerradas e que retomaria a gestão da estrutura. A Infraero agora nega esta possibilidade.
O aeroporto de carga começou a ser construído ainda pelo então governo de Marconi Perillo (PSDB), há quase 15 anos. Embora foram gastos mais de R$ 350 milhões na obra, nunca chegou a ser concluída.
O governo de Ronaldo Caiado (União Brasil) se recusou a destinar mais recursos para o terminal que, segundo estimativas, precisaria de mais R$ 500 milhões para sua conclusão.
Investimentos
Agora, o governo estadual, via Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra), afirma que a Infraero não tem realizado os investimentos prometidos. A estatal federal, ligada ao Ministério de Portos e Aeroportos, citou “sérios danos ambientais” causados pela obra da segunda pista e disse que segue gerindo o aeroporto.
“Fica evidente o receio das consequências e responsabilidades que estão sendo apuradas relativas à gestão das obras da segunda pista do aeroporto e que causaram sérios danos ambientais e assoreamento do Córrego Barreiro”, disse a Infraero em nota.
O governo goiano também reclama que a Infraero passou a cobrar taxas das empresas que atuam no local. “Como não irão realizar investimentos, não podemos permitir que continuem realizando cobranças elevadas”, disse o presidente da Goinfra, Pedro Sales.
A Infraero apresentou uma versão diferente. Disse ter encontrado concessionários atuando por conta própria, sem base legal, e identificou processos administrativos e judiciais que apontam prejuízos ao meio ambiente com a obra da segunda pista do aeroporto.
A Goinfra afirma agora que solicita posicionamento definitivo da Infraero, acrescentando que no fim de janeiro passado o Ministério de Portos e Aeroportos informou “não ter interesse” em avançar com a obra da segunda pista de pouso e decolagem.
A estatal federal respondeu de forma curta e objetiva: “O aeroporto continua sob gestão da Infraero”.