Gasto com pessoal ultrapassa limite de alerta em 12 estados, diz Tesouro

Folha de São Paulo
Gasto com pessoal ultrapassa limite de alerta em 12 estados, diz Tesouro Reunião com governadores - reprodução

Segundo o Tesouro Nacional, 12 estados brasileiros ultrapassaram o limite de alerta para gastos com pessoal em 2023, conforme previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Se tivessem respeitado esse limite, poderiam ter economizado R$ 23,7 bilhões, valor que poderia ser investido em outras áreas.

Os dados constam na nova edição do Boletim dos Entes Subnacionais, publicação do Tesouro que avalia a situação financeira de estados e municípios. O relatório de 2024, divulgado com atraso, analisa as contas de 2023.

Como são calculados os gastos?

O Tesouro segue a metodologia oficial dos manuais contábeis, padronizando os cálculos e evitando distorções que podem ocorrer com critérios aplicados pelos Tribunais de Contas dos Estados (TCEs). Isso evita a "maquiagem" de dados, já que alguns tribunais permitem o desconto de despesas para reduzir artificialmente o percentual de comprometimento da receita.

"O excesso de gastos com pessoal não captado pelos demonstrativos estaduais pode ser um fator relevante para dificuldades financeiras enfrentadas pelos estados", destaca o boletim.

No entanto, alguns estados contestam essa metodologia, especialmente pela inclusão de gastos com Organizações Sociais (OSs) na conta de despesas com pessoal. Segundo um parecer da Advocacia-Geral da União (AGU) de 2024, esses valores não deveriam ser considerados nesse cálculo.

Quais estados ultrapassaram os limites?

Pela metodologia do Tesouro, os seguintes estados superaram o limite de alerta (54% da Receita Corrente Líquida - RCL):



  • Acima de 60% (limite máximo da LRF)



    • Rio Grande do Norte (67%)

    • Sergipe (65,2%)

    • Minas Gerais (64,2%)

    • Acre (60,2%)




  • Acima de 57% (limite do Programa de Ajuste Fiscal - PAF, para estados com dívida com a União)



    • Rio de Janeiro (59,6%)

    • Roraima (58,8%)

    • Paraíba (58,7%)

    • Amapá (58,2%)

    • Rio Grande do Sul (57,2%)




  • Acima de 54% (limite de alerta da LRF)



    • Pernambuco (55,8%)

    • Bahia (55,7%)

    • Paraná (54,8%)



O relatório aponta que a situação dos estados piorou em relação a 2022, quando apenas oito estados ultrapassaram o limite de alerta, e três haviam superado os 57%.

Impacto nas Finanças Públicas

Em 2023, os gastos com pessoal dos estados cresceram 10% em termos nominais, desacelerando em relação a 2022 (quando o aumento foi de 15,2%). No entanto, esse crescimento ainda ficou acima da inflação do período (4,62%), o que significa que, na média, os servidores estaduais tiveram aumento real de remuneração.

Enquanto os gastos com pessoal aumentaram, os investimentos estaduais caíram 18,6% em comparação com o ano anterior, indicando uma priorização de despesas com folha de pagamento e custeio em detrimento de melhorias estruturais.

Estados Contestam os Dados

Alguns governos estaduais questionaram os números apresentados pelo Tesouro:


  • Sergipe afirmou que um decreto legislativo suspendeu a aplicação dos conceitos do manual do Tesouro e que sua classificação de risco fiscal subiu para A, a melhor na escala.

  • Minas Gerais culpou gestões anteriores pelo endividamento do estado e afirmou que reduziu o comprometimento com folha de pagamento nos últimos anos.

  • Rio Grande do Sul contestou a inclusão de contratos de terceirização no cálculo da despesa com pessoal e disse que seus gastos ficaram em 53,23% da RCL, abaixo do limite de alerta.

Os demais estados ainda não se manifestaram sobre o relatório.

Quanto cada estado poderia economizar?

Caso tivessem respeitado o limite de alerta de 54%, os estados poderiam ter economizado os seguintes valores:


  • Minas Gerais – R$ 9,36 bilhões

  • Rio de Janeiro – R$ 4,99 bilhões

  • Rio Grande do Norte – R$ 2,10 bilhões

  • Rio Grande do Sul – R$ 1,79 bilhão

  • Sergipe – R$ 1,40 bilhão

  • Bahia – R$ 967 milhões

  • Paraíba – R$ 793 milhões

  • Pernambuco – R$ 683 milhões

  • Acre – R$ 527 milhões

  • Paraná – R$ 444 milhões

  • Amapá – R$ 334 milhões

  • Roraima – R$ 324 milhões

Contexto Político e Econômico

O relatório foi divulgado logo após a aprovação, pelo Congresso Nacional, de um novo programa de socorro financeiro para estados endividados. Esse plano pode retirar até R$ 1,3 trilhão em receitas da União até 2048.

Técnicos do governo criticam a falta de contrapartidas mais rígidas no programa, enquanto economistas temem que o alívio da dívida estimule novos aumentos de despesas, incluindo reajustes salariais para servidores.
























A rigidez das despesas com pessoal e o agravamento da crise previdenciária tornam ainda mais difícil o ajuste fiscal para estados que já comprometem grande parte de sua arrecadação com salários e aposentadorias.




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