Nimesulida: o que é, para que serve e por que esse remédio é proibido fora do Brasil?

Estadão
Nimesulida: o que é, para que serve e por que esse remédio é proibido fora do Brasil? Nimesulida pode ser encontrada em forma de comprimido, suspensão oral, supositório e gel tópico Foto: New Africa/Adobe Stock

A nimesulida é um anti-inflamatório não esteroidal (AINE) utilizado para tratar febre, dor aguda e inflamações, mas sua utilização é controversa devido aos riscos de danos hepáticos e gastrointestinais. Em diversos países, o medicamento foi proibido, sendo alvo de críticas pela falta de monitoramento adequado.

No Brasil, a nimesulida está disponível em várias formas: comprimidos, suspensão oral, supositórios e gel tópico. A apresentação mais comum é a de comprimido, com doses de 50, 100 ou 200 mg, que devem ser administradas duas vezes ao dia, conforme a orientação médica. O efeito analgésico ocorre em aproximadamente 15 minutos, e o antitérmico em 1 a 2 horas, com duração de até seis horas.

De acordo com Rogério Hoefler, farmacêutico do Conselho Federal de Farmácia (CFF), a nimesulida age inibindo a enzima ciclooxigenase (COX-1 e COX-2), responsável pela produção das prostaglandinas, substâncias que causam dor, febre e inflamação. Sua inibição reduz esses sintomas.

Os efeitos adversos mais comuns, que afetam mais de 10% dos usuários, incluem diarreia, náusea e vômito. Menos frequentes, mas ainda registrados em 0,1% a 1% dos pacientes, estão reações como coceira, vermelhidão na pele, aumento da sudorese, constipação, gases, gastrite, tontura, pressão alta e inchaço.

Contudo, o uso prolongado da nimesulida pode levar a danos mais sérios. As prostaglandinas desempenham um papel protetor na mucosa gastrointestinal, e sua inibição pode torná-la vulnerável aos efeitos corrosivos do suco gástrico, podendo resultar em problemas como úlceras gástricas, além de impactos nos rins e fígado. O professor Cléber Domingos, da Universidade Federal do Ceará (UFC), alerta que os primeiros casos de lesões hepáticas foram registrados em 1997, e alguns países retiraram o medicamento do mercado devido a mortes associadas ao seu uso.

Em 2002, a Espanha suspendeu a venda do medicamento, seguida por outros países como Finlândia e França, que o baniram por conta dos riscos hepáticos. Já em Portugal e na Itália, o uso da nimesulida é restrito a períodos de 7 e 15 dias, respectivamente, com uma dose diária máxima de 200 mg. Em países como Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Austrália e Nova Zelândia, o medicamento nunca foi comercializado.

Na América Latina, a nimesulida foi retirada do mercado na Argentina e nunca foi vendida no Peru, Paraguai e Panamá. No Brasil, Colômbia e México, o medicamento ainda está disponível, mas seu uso é contraindicado para crianças menores de 12 anos.

A falta de monitoramento adequado é um ponto crítico no uso da nimesulida. O professor Domingos sugere que todo paciente que utilizar o medicamento deveria ser previamente avaliado quanto aos parâmetros químicos e enzimas hepáticas, para que, caso haja alguma alteração nos exames, o uso da droga seja evitado. Em sua opinião, o medicamento deveria ser retirado do mercado, pois existem alternativas mais seguras e igualmente eficazes, como o ibuprofeno.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em resposta, destacou o processo rigoroso de aprovação de novos medicamentos, ressaltando que eles só são registrados quando seus benefícios superam os riscos conhecidos. A Anvisa também frisou que a nimesulida é vendida somente sob prescrição médica, e que todos os medicamentos apresentam riscos que devem ser ponderados de acordo com os benefícios do tratamento.

Contraindicações da nimesulida:












  • Pessoas alérgicas à nimesulida ou a qualquer componente da fórmula, ao ácido acetilsalicílico ou a outros anti-inflamatórios não esteroides.

  • Indivíduos com histórico de dependência alcoólica.

  • Pessoas que já tiveram problemas hepáticos relacionados ao uso anterior de nimesulida.

  • Indivíduos com úlceras gástricas ou intestinais.

  • Pacientes com sangramentos no trato digestivo.

  • Pessoas com distúrbios graves de coagulação.

  • Indivíduos com insuficiência cardíaca grave, problemas renais ou hepáticos.

  • Crianças menores de 12 anos.




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