O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, criticou neste sábado (8/3) o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), por sugerir à população que coma banana com casca como alternativa à alta dos preços dos alimentos. A recomendação foi feita por Zema em um vídeo publicado em fevereiro, que já foi apagado.

Fávaro afirmou que a fala do governador desrespeita os mineiros e destacou que, ao invés de buscar soluções, Zema aumentou a alíquota do ICMS para alimentos que entram no Estado. "Ele zomba da cara do povo mineiro dizendo que a solução para a inflação é comer banana com casca. Mas faz pior: publicou o decreto 49.000/2025, elevando o ICMS sobre alimentos essenciais", declarou o ministro.

O governo federal zerou impostos sobre alimentos e vem pedindo que Estados reduzam o ICMS da cesta básica para ajudar a conter a inflação. Fávaro cobrou sensibilidade de Zema: "O senhor é um homem rico e talvez não sinta o peso do preço dos alimentos. Mas o povo mineiro sente. Enquanto trabalhamos para reduzir impostos e garantir comida na mesa dos brasileiros, você aumenta tributos para arrecadar mais? Tenha sensibilidade."

Impasse sobre o ICMS

O decreto de Zema, publicado em fevereiro, retira benefícios fiscais de carnes bovina, suína e de aves, tornando esses produtos mais caros no Estado. O governador, no entanto, ainda não se manifestou sobre as críticas.

O debate sobre a tributação da cesta básica também foi tema de um pedido do vice-presidente Geraldo Alckmin na quinta-feira (6/3). Ao anunciar medidas para conter a alta dos alimentos, Alckmin sugeriu que Estados que ainda tributam a comercialização desses itens reavaliem suas políticas.

O Piauí e o Maranhão já adotaram medidas para reduzir a carga tributária sobre alimentos. No Piauí, a alíquota do ICMS sobre arroz, feijão e leite será zerada a partir de abril. No Maranhão, o imposto já vem sendo reduzido gradativamente, caindo de 12% em 2022 para 8% este ano.

Por outro lado, Estados como Minas Gerais, Mato Grosso, Rio Grande do Sul e Goiás descartam a redução do ICMS, alegando dificuldades fiscais. O vice-governador de Minas, Mateus Simões, disse que a proposta do governo federal é uma tentativa de transferir responsabilidades. "O que precisamos é de uma política nacional consistente para equilibrar as contas e recuperar a confiança dos investidores", afirmou Simões ao jornal O Globo.

Governadores como Eduardo Leite (RS), Ronaldo Caiado (GO) e Mauro Mendes (MT) também se posicionaram contra cortes no ICMS estadual, argumentando que a renúncia fiscal teria que ser compensada com o aumento de impostos em outras áreas da economia.