Saiba quem é o empresário “parceiro” de Leonardo na venda de lotes

O cantor sertanejo Leonardo está sendo associado a um esquema de venda de lotes irregulares em Mato Grosso, devido à sua parceria publicitária com o empresário Aguinaldo José Anacleto, dono do grupo AGX. Anacleto, de 49 anos, atua nos setores imobiliário e agropecuário e enfrenta diversas ações judiciais por suspeita de irregularidades nos empreendimentos. Leonardo nega ser sócio do empresário e afirma ter sido apenas garoto-propaganda.
Lançamento de empreendimentos e problemas judiciais
Entre 2021 e 2022, Leonardo participou do lançamento de loteamentos da AGX em Querência (MT), promovendo os empreendimentos e insinuando que também seria investidor. Desde então, sua imagem passou a ser diretamente ligada aos projetos. Anacleto, chamado de “meu chefe” e “parceiro” pelo cantor, é de Goiás e reside no mesmo condomínio de Leonardo, em Goiânia. Suas empresas, embora atuem em diversos estados, têm sede na capital goiana.
Anacleto já esteve vinculado a pelo menos 50 CNPJs, alguns dos quais entraram em recuperação judicial. Ele responde a mais de 30 processos na Justiça de Goiás e a mais de 10 em Mato Grosso, a maioria ligada ao residencial Munique Smart Life, em Querência. O empreendimento foi comercializado mesmo sem regularização e sem quitação do terreno, causando prejuízos a compradores.
Além de Querência, o empresário lançou empreendimentos em Água Boa (MT), Uruaçu (GO) e Jussara (GO). Nesta última cidade, onde Leonardo tem a fazenda Talismã, um dos loteamentos promovidos por Anacleto também está parado e é alvo de ação judicial.
Vínculo com Leonardo e denúncias
Além dos loteamentos, Anacleto investiu na venda de eucaliptos por meio da AGX Florestal, empreendimento que também contou com Leonardo como garoto-propaganda entre 2020 e 2022. As redes sociais da empresa pararam de ser atualizadas em setembro de 2022, e compradores passaram a questionar a qualidade dos produtos adquiridos.
As denúncias contra Anacleto incluem suspeitas de estelionato e sonegação fiscal. Algumas vítimas registraram boletins de ocorrência em Mato Grosso, enquanto os antigos donos do terreno do residencial Munique Smart Life moveram uma ação de reintegração de posse devido a pagamentos atrasados. Durante o processo, identificou-se possível sonegação fiscal, levando a Justiça a ordenar uma investigação.
A área de 38 hectares foi adquirida em junho de 2021 por R$ 12,9 milhões. No entanto, nas escrituras públicas, o empresário registrou valores muito inferiores: R$ 120 mil, R$ 120 mil e R$ 175,9 mil, respectivamente para os três lotes do empreendimento. O juiz responsável pelo caso determinou a abertura de inquérito e, se necessário, o envolvimento da Polícia Federal e da Receita Federal.
O que dizem os envolvidos?
A defesa de Anacleto alega que as negociações foram feitas de maneira transparente e que os valores foram registrados conforme exigências do vendedor. Sobre os processos, a AGX afirma que a venda de lotes na verdade se tratava de uma captação de investidores via Sociedade em Conta de Participação (SCP), estrutura considerada regular. A empresa atribui os problemas a um pequeno grupo de investidores que, incentivados por um advogado, teriam distorcido informações sobre o projeto.
Em nota, Leonardo declarou que apenas emprestou sua imagem para divulgar os empreendimentos e que não tem qualquer envolvimento na administração dos negócios. Segundo a AGX, o cantor não possuía responsabilidade na gestão dos empreendimentos, mas, como outros investidores, recebeu cotas em troca de sua participação publicitária.
Enquanto as investigações avançam, compradores seguem buscando reparação na Justiça.