Os membros do Partido dos Trabalhadores (PT) mantêm um pacto não formalizado para adiar qualquer discussão sobre a sucessão de Lula até após as eleições de 2026, quando o presidente deverá concorrer à reeleição. A avaliação interna é de que antecipar esse debate prejudicaria a esquerda, pois a busca por um sucessor neste momento seria considerada um "suicídio político", dado que não existe outro nome que substitua Lula.

Em janeiro de 2025, durante a primeira reunião ministerial do ano, Lula se referiu a incidentes passados, como uma pane no avião presidencial e uma queda no banheiro, reconhecendo que fatores fora de seu controle podem impedir sua candidatura à reeleição. No entanto, essa fala não foi interpretada como um sinal de desistência, mas como um incentivo para que seus ministros se dediquem ainda mais ao sucesso do governo ou a futuras oportunidades pessoais.

Apesar de a linha oficial do PT afirmar que Lula é a única alternativa viável para 2026, nos bastidores, vários aliados disputam o espaço para se apresentar como sucessores. A fragilidade do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, intensificou essas movimentações. Haddad, que chegou ao segundo turno nas eleições presidenciais de 2018 contra Jair Bolsonaro, enfrentou uma crise em janeiro devido a fake news sobre a taxação de transações via Pix, o que afetou sua popularidade. Uma pesquisa realizada em fevereiro revelou altos índices de rejeição ao ministro, e muitos dentro do governo reconhecem que pouco foi feito para protegê-lo, o que prejudicou a imagem do governo Lula.

O desgaste de Haddad permitiu que outros nomes surgissem como possíveis sucessores. Flávio Dino, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), que ganhou destaque como ex-governador do Maranhão e atual ministro da Justiça, passou a ser cogitado para 2026. Dino tem defendido maior transparência na execução de emendas parlamentares, o que tem mantido seu nome vivo no cenário político, gerando rumores de que poderia deixar o STF para disputar a presidência. Outro nome que tem ganhado força é o de Camilo Santana, ministro da Educação, especialmente após sua vitória contra o bolsonarismo na disputa pela Prefeitura de Fortaleza. Lula chegou a desafiá-lo, em tom brincalhão, a superar o desempenho de Haddad na Educação, cargo que o atual ministro da Fazenda ocupou nas gestões anteriores de Lula e Dilma Rousseff.

Jaques Wagner, líder do governo no Senado, também é constantemente lembrado como um possível candidato, já que foi sondado para a presidência em 2018, mas não aceitou a missão. Rui Costa, chefe da Casa Civil e afilhado político de Wagner, tem ganhado destaque pela função de coordenador do governo.

O nome de Geraldo Alckmin, vice-presidente, também é considerado para um cenário onde a esquerda precise fazer um movimento em direção ao centro.

Embora os aliados de Lula insistam na candidatura do presidente como única opção viável, suas ações têm sido interpretadas como uma tentativa de criar alternativas para 2026. A nomeação de Gleisi Hoffmann, presidente do PT, para o ministério responsável pela articulação política, foi vista como parte dessa estratégia. Lula justificou a escolha como uma forma de resgatar a imagem de Gleisi, que está à frente do PT desde 2017. A nomeação de Alexandre Padilha para o Ministério da Saúde também é entendida como uma oportunidade para se posicionar eleitoralmente, seja para o Senado em 2026 ou para a Prefeitura de São Paulo em 2028.

Lula tem demonstrado entusiasmo com a possibilidade de disputar as eleições de 2026. A nomeação de Gleisi para a Secretaria de Relações Institucionais e a chegada do publicitário Sidônio Palmeira ao Palácio do Planalto são sinais dessa preparação. Durante uma reunião com dirigentes do PT, o vice-presidente do partido e prefeito de Maricá (RJ), Washington Quaquá, afirmou que, se fosse para perder, seria melhor nem disputar. Contudo, ele ressaltou que essa hipótese não existe e que Lula está motivado e confiante na vitória.

Possíveis sucessores de Lula para 2026:

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  Camilo Santana
  
  A favor: Experiência como ex-governador, venceu o bolsonarismo na Prefeitura de Fortaleza.
  
  Contra: A trajetória está muito concentrada no Ceará, com pouca visibilidade nacional.

  
  


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  Fernando Haddad
  
  A favor: Experiência administrativa e já disputou o segundo turno em 2018.
  
  Contra: A política de austeridade fiscal à frente da Fazenda e a crise do Pix prejudicaram sua imagem.

  
  


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  Flávio Dino
  
  A favor: Ganhou notoriedade na esquerda pela defesa da transparência e pelo enfrentamento ao bolsonarismo.
  
  Contra: Precisaria renunciar ao STF e enfrentaria críticas sobre politização do cargo.

  
  


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  Geraldo Alckmin
  
  A favor: Tem uma trajetória na centro-direita e poderia conquistar apoio além da esquerda.
  
  Contra: Sua última candidatura presidencial obteve menos de 5% dos votos.

  
  


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  Gleisi Hoffmann
  
  A favor: Tem o apoio de Lula e a confiança dos militantes de esquerda.
  
  Contra: Enfrenta rejeição entre eleitores e parlamentares de centro-direita.

  
  


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  Guilherme Boulos
  
  A favor: Líder do MTST, tem a simpatia de Lula e é visto como uma novidade na esquerda.
  
  Contra: A atuação do MTST lhe rendeu a imagem de invasor, o que limita sua ampliação ao centro. Foi derrotado na corrida pela Prefeitura de São Paulo.

  
  


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  Jaques Wagner
  
  A favor: Perfil conciliador e liderança política na Bahia após a derrota do carlismo.
  
  Contra: Recusou o convite de Lula para disputar a presidência em 2018, o que indica falta de interesse pela disputa.

  
  


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  Marina Silva
  
  A favor: Tem reconhecimento nacional e apoio da centro-esquerda.
  
  Contra: Seu foco no Meio Ambiente limita a possibilidade de ampliar seu apoio entre eleitores de centro-direita.

  
  


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  Rui Costa
  
  A favor: Ex-governador da Bahia e "gerentão" do governo.
  
  Contra: Estilo rígido e conflitos com membros do Congresso e da Esplanada.