Professores de Goiás denunciam aumento abusivo de carga horária e descumprimento da lei na gestão Caiado


Professores de Goiás denunciam aumento abusivo de carga horária e descumprimento da lei na gestão Caiado (Reprodução)

Desde 2022, os professores da Rede Estadual de Educação de Goiás enfrentam uma situação de desrespeito aos seus direitos trabalhistas, com um aumento significativo e irregular da carga horária de trabalho. A gestão do governador Ronaldo Caiado (DEM) tem sido alvo de críticas por implementar uma mudança no cálculo da hora-aula que contraria decisões judiciais já pacificadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). A medida, que impacta diretamente na qualidade de vida e na saúde dos profissionais da educação, é considerada ilegal e abusiva pelos docentes.


Alteração na lei está em desacordo com jornada de trabalho docente


De acordo com o depoimento de um professor representante da categoria, a Lei 21.682, aprovada pelo governo estadual sob a justificativa de recuperação fiscal,  alterou o cálculo da hora-aula de 50 para 60 minutos. Essa mudança fez com que os professores passassem a trabalhar 32 horas semanais em sala de aula, quando a legislação determina um máximo de 26 horas. Ou seja, os profissionais estão cumprindo seis horas a mais do que o previsto em lei, sem qualquer compensação financeira ou respeito ao tempo necessário para atividades extraclasse, como planejamento e deslocamento entre salas.


O cálculo correto, conforme estabelecido pelo STF, considera 50 minutos por hora-aula, totalizando 2.000 minutos para uma jornada de 40 horas semanais. Isso resultaria em 26,6 horas em sala de aula, considerando o tempo destinado ao descanso da voz e ao deslocamento entre aulas. No entanto, o governo de Goiás adotou um método que multiplica 60 minutos por 40 horas, chegando a 2.400 minutos, o que eleva artificialmente a carga horária em sala de aula para 32 horas.


Essa prática foi considerada irregular até mesmo pela Procuradoria-Geral do Estado, que emitiu um despacho (21/2020) apontando as inconsistências no cálculo. Apesar disso, a Secretaria de Educação, comandada por Fátima Gavioli, manteve a medida, alegando que os professores deveriam "assumir a responsabilidade" pela crise econômica do estado.



A situação tem levado muitos professores ao esgotamento físico e mental, com um número crescente de afastamentos por licença médica. A categoria denuncia que a sobrecarga de trabalho tem impactado não apenas a saúde dos profissionais, mas também a qualidade do ensino oferecido aos estudantes. "Estamos exaustos. Essa carga horária abusiva está nos adoecendo e prejudicando a educação em Goiás", afirmou o professor em seu depoimento.


A esperança de mudança vem de uma decisão recente do STJ em um caso semelhante no Paraná, onde o tribunal declarou a inconstitucionalidade de uma lei que adotava o mesmo método de cálculo. O ministro Lewandowski, relator do caso, destacou que os 10 minutos entre uma aula e outra não podem ser contabilizados como parte da jornada, pois são essenciais para o descanso da voz e o deslocamento dos professores. Com base nessa jurisprudência, os professores de Goiás acreditam que é possível reverter a Lei 21.682 e garantir o cumprimento dos seus direitos.



STJ e STF declararam a inconstitucionalidade de uma lei que adotava o mesmo método de cálculo, no estado do Paraná (Reprodução).


A categoria agora se mobiliza para pressionar o governo a revogar a lei e corrigir os cálculos da carga horária. "É hora de nos organizarmos e lutarmos contra essa injustiça. Precisamos do apoio de todos os professores, da sociedade e das instituições para garantir que nossos direitos sejam respeitados", afirmou o representante dos docentes. A mobilização inclui ações jurídicas, campanhas de conscientização e pressão política para que a gestão de Ronaldo Caiado reveja sua postura em relação aos profissionais da educação.


Abaixo-assinado encaminhado pelos professores de Goiás da mobilização pode ser acessado  AQUI




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