Ponte sobre o Rio das Almas pode cair: “Será uma tragédia anunciada”, alertam motoristas

A queda da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira sobre o Rio Tocantins, no final do ano passado, levantou preocupações sobre a segurança das pontes no Brasil. Agora, motoristas e especialistas alertam para riscos iminentes na ponte sobre o Rio das Almas, que liga os municípios de Rialma e Nova Glória, na BR-153, em Goiás. A estrutura, com 360 metros de extensão, apresenta sinais de desgaste e gera apreensão entre os usuários.
Vale destacar que a Ecovias do Araguaia é a responsável pela administração do trecho da BR-153 entre Anápolis, em Goiás, e Aliança do Tocantins, no estado do Tocantins. Portanto, a ponte está sob sua responsabilidade, assim como toda a malha viária. A concessionária é fiscalizada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
A ponte, além de fazer a ligação entre vários municípios goianos e a capital, Goiânia, conecta diretamente os estados de Goiás, Tocantins e Maranhão.
Condutores que trafegam pelo local relatam instabilidade e vibração excessiva da ponte. “Quem será o culpado?”, questionam os motoristas, temendo um possível colapso. O engenheiro civil Rodrigo Carvalho da Mata, doutor em Engenharia de Estruturas pela USP, reforça o perigo: “A ponte já está avisando. O deslocamento no meio do vão e a vibração são sinais claros de que há algo errado. Se não forem tomadas medidas urgentes, o risco de colapso é real.”
O especialista destaca que a estrutura enfrenta problemas similares aos da ponte sobre o Rio Tocantins, que desabou em 22 de dezembro de 2024. A sobrecarga de tráfego, muito acima do projetado na década de 1950, compromete ainda mais a segurança.
Medo entre caminhoneiros e comerciantes
O caminhoneiro Fábio Júnior afirma que tem medo de passar pela ponte e relembra a tragédia da ponte do Estreito: “O povo falou, mostrou vídeos, e nada foi feito. Onde há fumaça, há fogo.” Outros motoristas relatam que esperam o tráfego diminuir para atravessar a ponte sozinhos e até retiram o cinto de segurança para facilitar a saída do veículo em caso de desabamento.
Comerciantes locais também temem impactos econômicos. Dona Silvinha, proprietária de um restaurante na rodovia, se preocupa com a possibilidade de fechamento do comércio, como ocorreu nas cidades afetadas pela queda da ponte sobre o Rio Tocantins. “A maioria dos meus clientes são motoristas. Se a ponte cair, nossa sobrevivência fica ameaçada”, lamenta.
Embora um recapeamento tenha sido feito, a vibração excessiva causa deformações no asfalto. Motoristas relatam que o número de veículos pesados circulando simultaneamente é alto, aumentando os riscos, fato esse comprovado pela equipe de reportagem. Às vezes passam filas de caminhões, bitrens, treminhões e ônibus de uma só vez.
Outro fator observado que chama a atenção são os quebra-molas instalados nas cabeceiras da ponte, obrigando os motoristas a reduzirem a velocidade. Para o deputado federal José Nelton (UB), que denunciou as más condições da ponte em um vídeo recente, a medida confirma a precariedade da estrutura. “Que ponte tem quebra-molas para reduzir velocidade? Isso mostra que a Ecovias sabe que a estrutura não suporta grandes impactos”, afirma.