Evasão no ensino superior em Goiás chega a 57%

Estudantes que desistem da faculdade em Goiás atinge 57% dos estudantes matriculados em cursos presenciais, segundo o 15º Mapa do Ensino Superior, divulgado pelo Instituto Semesp nesta quarta-feira, 12. O índice, que inclui tanto instituições públicas quanto privadas, tem sido impulsionado principalmente pelas universidades particulares, mas nas públicas a taxa também é elevada, com metade dos alunos desistindo antes da conclusão.
Esses dados são do Censo da Educação Superior do Inep e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que, apesar do crescimento do número de graduados com mais de 25 anos, o abandono dos cursos tem se intensificado nos últimos anos. Em 2023, a taxa de evasão era de 54,4%, subindo para 57% em 2025. Já a conclusão caiu de 25,9% para 24,3%.
Ao jornal O Popular, o professor João Ferreira, doutor em educação pela Universidade Federal de Goiás (UFG), aponta múltiplos fatores para a alta taxa de desistência. Entre eles, a flexibilização na criação de cursos e no credenciamento de instituições, que resultou na redução da fiscalização. "Hoje praticamente não tem visitas in loco, não tem fiscalização presencial. Como vai aferir qualidade com um sistema tão flexível?", questiona.
A falta de perspectiva no mercado de trabalho também desestimula os alunos. "Nos anos 70, fazer faculdade significava ter emprego garantido. Hoje, o curso precisa agregar valor para garantir mobilidade social e melhores salários", explica Ferreira. Ele destaca ainda os impactos da pandemia da Covid-19, que agravou a evasão devido à falta de recursos para estudar e trabalhar simultaneamente.
Apesar dos desafios, nas instituições públicas, programas de assistência estudantil ajudam na permanência dos alunos, oferecendo auxílios para moradia, alimentação e bolsas de pesquisa. No entanto, Ferreira alerta que o problema não é exclusivo das universidades. "Se não houver ações coordenadas entre governo, instituições, professores e o próprio mercado de trabalho, a tendência é de piora nos indicadores".
Segundo o levantamento, a taxa de desistência varia conforme o curso. Os mais procurados na rede pública são Medicina, Agronomia e Direito, enquanto no setor privado, Direito, Psicologia e Enfermagem lideram as matrículas. No Brasil, a evasão em Medicina é de 19,2%, enquanto cursos como Engenharias (57,1%), Direito (55%) e Pedagogia (47,7%) apresentam índices bem mais elevados.
Outro ponto preocupante é o ensino a distância (EaD), que tem crescido rapidamente. Em Goiás, 44,6% das matrículas já são nessa modalidade, número próximo da média nacional (49,3%). Contudo, a taxa de evasão no EaD é ainda maior: 63,7% dos alunos abandonam o curso antes da conclusão.
Para Rodrigo Capelato, diretor executivo do Semesp, o problema não é exclusivo do Brasil. "Nos Estados Unidos, a evasão chega a 50%. Em países da América Latina, a taxa também é alta, mesmo em nações desenvolvidas", afirma.