Simone Tebet defende que a redução da escala 6x1 seja discutida; entenda

A ministra do Planejamento, Simone Tebet, argumenta que a redução da jornada de trabalho 6x1 deve ser "discutida" como uma estratégia para aumentar a produtividade, melhorar a qualidade do trabalho e trazer benefícios para o setor econômico.
Essa defesa foi feita durante uma entrevista à jornalista Miriam Leitão, na GloboNews, nesta quarta-feira (12).
"Não é só porque (a escala 6x1) é desumana. É porque (a escala 5x2) vai gerar economia, produtividade, qualidade no trabalho e o próprio empresário vai ganhar", disse.
Uma PEC da deputada Erika Hilton (PSOL-SP) impulsionou o debate sobre a escala de trabalho 6x1, propondo a adoção de uma escala 4x3 (quatro dias de trabalho e três de descanso). A ministra Tebet também defende a implementação da igualdade salarial entre homens e mulheres como forma de impulsionar a economia, ressaltando a necessidade de coragem para enfrentar essas questões. "Isso faz parte do Brasil que queremos daqui a dois ou três anos".
A ministra Tebet também defendeu o diálogo do governo com a população, afirmando que a justiça social é um objetivo comum entre esquerda e direita, apesar das divergências nos métodos. Criticou os extremismos políticos por pregarem violência, privação de liberdade e autocracia.
Sobre um possível governo Trump, Tebet sugeriu diplomacia, reconhecendo os EUA como parceiro comercial, mas ressaltando a necessidade de tempo para que Trump se adapte às mudanças globais, como a ascensão da China como principal parceiro comercial do Brasil.
A ministra também enfatizou as rotas de integração sul-americana, que representam um mercado potencial de 200 milhões de consumidores para o Brasil e vice-versa.
"A integração americana está pronta para sair do papel. É um projeto que começamos desde o primeiro dia do nosso ministério, aproveitamos obras estruturantes do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento)".
Em sua fala sobre a política interna, Tebet adotou um tom diplomático ao se referir ao Congresso e à nova ministra Gleisi Hoffmann (Secretaria de Relações Institucionais). Quanto ao Congresso, ela destacou que não é tão fiscalista quanto o governo supunha, e enfatizou que essa característica não deve ser alvo de críticas. "Democracia é isso e temos que conduzir. Faz parte do jogo democrático".
A ministra defende 2026 como uma "janela de oportunidade" para cortar gastos supérfluos e adotar um rigor que possibilite a diminuição de juros, da inflação e o crescimento da economia, após um período de "janela de gastança".
"Precisávamos recuperar a Farmácia Popular, Bolsa Família, ciência, tecnologia, educação, inovação", justificou. "Mas em 2027, seja quem for o próximo presidente, ele não governa com esse arcabouço fiscal, com essas regras fiscais, sem gerar inflação, dívida pública e detonar a economia".
Tebet ainda reafirmou o compromisso do governo em cumprir a meta fiscal de déficit primário zero para este ano e classificou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, como um "verdadeiro herói" por defender a responsabilidade fiscal diante da resistência dentro do próprio partido. "Nós temos que cumprir meta zero. E nós vamos cumprir meta zero", afirmou.
Em relação a Gleisi, a ministra reconheceu que as duas sempre mantiveram posturas divergentes, mas optou por uma abordagem cordial. Ela também expressou a expectativa de que a ex-presidente do PT altere seu discurso crítico após assumir uma posição na Esplanada dos Ministérios.
"Agora ela é uma ministra palaciana, fidelíssima ao presidente Lula e sabe que o projeto de país que está em andamento na parte econômica é do governo dela", analisou. "Acredito que ela vai cuidar das relações institucionais, da relação com outros poderes e vai dar o suporte necessário para aprovar as medidas econômicas".
Tebet descartou a possibilidade de concorrer ao governo do Mato Grosso do Sul em 2026, indicando que pretende disputar uma vaga no Senado.