Servidores da prefeitura são alvos da Polícia Civil por suspeita de fraudar o ponto

Uma ação da Polícia Civil executou seis mandados de busca e apreensão nesta sexta-feira (14) direcionados a servidores da Prefeitura de Goiânia, suspeitos de manipulação do ponto eletrônico com a colaboração de outros funcionários. Segundo o delegado responsável pela investigação, Rômulo Figueredo, pelo menos 11 pessoas estariam implicadas no esquema.
Até o momento, os nomes dos servidores não foram revelados. As fraudes teriam acontecido, pelo menos, de junho de 2023 a novembro de 2024. Em comunicado, a Prefeitura de Goiânia afirmou que apoia integralmente as investigações da Polícia Civil do Estado de Goiás, ressaltando seu compromisso com a "transparência, ética e correta aplicação dos recursos públicos". A administração municipal também se colocou à disposição da polícia para cooperar nas apurações.
Conforme Rômulo, a operação realizada na sexta-feira teve como foco a apreensão dos celulares dos servidores, com o intuito de descobrir a magnitude da fraude, que, segundo ele, pode ter sido utilizada para finalidades além de apenas cobrir faltas. Ele mencionou que os pontos eram falsificados em vários dias consecutivos, levantando suspeitas sobre a existência de funcionários fantasmas.
Início da investigação
O delegado relatou que a "Operação Le Grande", nomeada em homenagem ao inventor do ponto eletrônico, ocorreu após desdobramentos de duas investigações anteriores que foram conduzidas no final do ano passado.
De acordo com o delegado, a primeira operação investigava uma associação criminosa que comercializava imóveis em Goiânia, prejudicando compradores. Entre os envolvidos estaria um servidor público da prefeitura que facilitava as atividades ilícitas do grupo.
Rômulo explicou que, devido a essa situação, a Polícia Civil efetivou uma nova operação, na qual executaram um mandado de busca e apreensão na residência do servidor implicado e em seu local de trabalho, resultando na apreensão de computadores e um celular.
"Ao analisar o aparelho celular desse servidor público com autorização judicial, nós constatamos que ele e outros colegas criaram um sistema para fraudar a necessidade de bater o ponto eletrônico de modo que, pelo menos, 11 pessoas se utilizavam dessa troca de favores para não trabalhar", declarou.
O delegado mencionou também o código "mexer o doce", que era utilizado pelos servidores em um aplicativo de mensagens para solicitar que assinassem o ponto em seu lugar.
"Nós verificamos que alguns colegas tinham que avisar até quando iam tirar férias, para não correr o risco de ninguém bater o ponto por eles", afirmou.
Uma vez que os crimes não estão associados a atos de violência ou ameaças sérias, Rômulo afirmou que, até agora, ninguém dos envolvidos foi detido. Os servidores implicados responderão por falsidade ideológica e estelionato majorado.