A liberdade de expressão desqualificada de Gustavo Gayer


A liberdade de expressão desqualificada de Gustavo Gayer Goiás 246

    O deputado federal goiano Gustavo Gayer (PL-GO) tem se destacado, mas não pelos motivos que se esperaria de um representante do povo. Nascido em Goiânia, eleito em 2022 com 200.586 votos e recebendo um salário mensal de R$41.650,92, poderia ser um exemplo de dedicação ao serviço público. No entanto, sua trajetória é marcada por declarações e atitudes que evidenciam uma completa desqualificação para o cargo que ocupa. Herdeiro político de uma família com tradição no estado, Gayer parece ter herdado apenas o título, mas não a responsabilidade que ele carrega.

    Integrante da tropa de choque do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e das bancadas evangélica, ruralista e da bala, Gayer é um empresário, político e youtuber que transformou sua plataforma em um palco para discursos de ódio, ataques misóginos, racistas e xenófobos. Seu histórico criminal e suas ações no exercício do mandato revelam um parlamentar que confunde liberdade de expressão com licença para promover intolerância e desinformação. Gayer não representa os valores democráticos; ele é um exemplo claro de como a política pode ser degradada por figuras que usam o mandato para fins pessoais e ideológicos extremistas.

    O caso mais recente que expõe a gravidade de suas ações ocorreu após o presidente Lula afirmar que escolheu a ministra Gleisi Hoffmann (PT-PR) para a articulação política do governo por ser "bonita". Em vez de criticar respeitosamente a declaração, Gayer optou por fazer comentários sexistas e degradantes, comparando Gleisi a uma "garota de programa" oferecida por um "cafetão". Além disso, sugeriu um "trisal" envolvendo a ministra, o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). Tais declarações não só ofendem a dignidade da ministra, mas também reforçam estereótipos machistas e misóginos, incompatíveis com o respeito devido a uma representante pública.

    A reação de Alcolumbre foi imediata: o senador anunciou que processará Gayer por danos morais e apresentará uma representação no Conselho de Ética da Câmara por quebra de decoro parlamentar. Mas as ofensas de Gayer não se limitam a ataques misóginos. O parlamentar tem um histórico de declarações racistas e xenófobas. Em setembro de 2023, durante uma entrevista, ele afirmou que a democracia não prospera na África devido à "capacidade cognitiva" dos habitantes do continente. Tal afirmação, além de profundamente racista, revela um desconhecimento histórico e uma visão colonialista que não cabe em uma sociedade plural e democrática. A declaração motivou um pedido de cassação no Conselho de Ética da Câmara e uma denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF) por injúria e racismo.

    Além disso, Gayer já comparou nordestinos a "galinhas que recebem migalhas do Estado", em uma analogia ofensiva e desrespeitosa que desconsidera a complexidade das políticas sociais e a realidade socioeconômica da região. Essas declarações não apenas ferem a dignidade de milhões de brasileiros, mas também evidenciam um padrão de comportamento que busca deslegitimar grupos sociais e reforçar estereótipos prejudiciais.

    O histórico criminal de Gayer também é alarmante. Em 2000, ele foi responsável por um acidente de trânsito que resultou na morte de três pessoas, enquanto dirigia embriagado. Em 2015, foi novamente flagrado dirigindo sob influência de álcool, demonstrando uma reincidência que coloca em xeque sua idoneidade. Além disso, o deputado é investigado pela Polícia Federal por suposto desvio de recursos públicos da cota parlamentar, em um esquema que envolve o uso de dinheiro público para benefício pessoal.

    A atuação de Gustavo Gayer é um desserviço à democracia. Seu comportamento não apenas deslegitima o cargo que ocupa, mas também contribui para a polarização e o enfraquecimento das instituições. Ao confundir liberdade de expressão com licença para ofender e perseguir, ele coloca em risco valores fundamentais como o respeito à diversidade de pensamento, a liberdade de ensino e a dignidade humana.

    A liberdade de expressão é um dos pilares da democracia. Ela permite que ideias sejam debatidas, que críticas sejam feitas e que a sociedade evolua por meio do diálogo. No entanto, essa liberdade não é ilimitada. Ela não pode ser usada como escudo para promover discursos de ódio, difamar, caluniar ou incitar a violência. Gustavo Gayer parece não entender essa distinção. Para ele, a liberdade de expressão é uma licença para ofender, humilhar e desrespeitar. E, ao fazer isso, ele não apenas desvirtua um direito fundamental, mas também contribui para a erosão do próprio sistema democrático que deveria proteger.

    A liberdade de expressão deve ser usada com responsabilidade. Ela não é um passe livre para a intolerância, mas uma ferramenta para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva. Gustavo Gayer não representa os valores de um Estado democrático de direito e, demonstra ser completamente desqualificado para ocupar qualquer cargo público. 




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