Líder do PL diz que vai pedir urgência para pautar anistia nesta semana

O líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante, anunciou que pedirá na próxima semana urgência na votação do projeto de lei que concede anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Segundo ele, já há 92 assinaturas de deputados do PL e de outros partidos em apoio à solicitação de urgência para que o projeto entre em pauta.
O deputado participou de um ato convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que defendeu a anistia para os envolvidos nos ataques golpistas de janeiro. Durante o evento, outras lideranças discursaram em cima de um caminhão de som. O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, falou sobre o aumento do preço do combustível, carne e energia, e conclamou o público a gritar "volta Bolsonaro". Bolsonaro chegou ao ato por volta das 10h30 deste domingo (16), em Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro, e cumprimentou seus apoiadores.
Os manifestantes se concentraram na Avenida Atlântica, e Bolsonaro chegou a afirmar que o ato reuniu 1 milhão de pessoas, embora aliados do ex-presidente considerassem esse número exagerado e não divulgassem uma estimativa exata de público. Alguns manifestantes tentaram adicionar à pauta do ato o pedido de impeachment do presidente Lula (PT), mas o ex-presidente ajustou a convocação para “fora Lula 2026” e “anistia já”.
Entre os símbolos presentes no protesto, estavam bandeiras do Brasil, faixas com frases como “liberdade já para os presos políticos”, e cartazes com imagens de figuras do bolsonarismo, como o blogueiro Allan dos Santos e o ex-deputado Daniel Silveira, que são vistos pelos manifestantes como “perseguidos pela Justiça”. Também eram comuns as bandeiras que faziam referência à inflação de itens como carne, ovos e café, além de convocar o retorno de Bolsonaro em 2026. Algumas peças de vestuário e cartazes atacavam o ministro do STF Alexandre de Moraes, pediam o "fora Lula" e exaltavam figuras como Elon Musk.
Temas relacionados ao bolsonarismo, como a defesa da "família tradicional" e críticas à "ideologia de gênero", continuaram a mobilizar os apoiadores do ex-presidente. Além disso, um estande no local divulgava materiais sobre o "orgulho hétero" e promovia “valores cristãos”.
Apesar de algumas pessoas manifestarem a sensação de que a adesão ao protesto foi baixa, com um bolsonarista comentando que havia medo de se expressar, o evento contou com o apoio de vários parlamentares bolsonaristas. Entre eles estavam Zé Trovão, Sargento Fahur, Carlos Jordy, André Fernandes e Padre Kelmon. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que o protesto seria um “passo importante para derrotar o alexandrismo”, referindo-se ao ministro Alexandre de Moraes. Ele também criticou as penas aplicadas aos envolvidos nos atos golpistas, considerando excessivas as 17 anos de prisão para quem depredou o patrimônio público.
O pastor evangélico Silas Malafaia foi um dos organizadores do ato, que também contou com a presença de quatro governadores: Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Cláudio Castro (PL-RJ), Mauro Mendes (União Brasil-MT) e Jorginho de Mello (PL-SC). Diversos congressistas, como os líderes da oposição na Câmara e no Senado, Coronel Zucco (PL-RS) e Rogério Marinho (PL-RN), também marcaram presença.
O foco principal da manifestação foi pressionar o Congresso Nacional a aprovar o projeto de anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023, quando apoiadores de Bolsonaro invadiram e depredaram as sedes dos três Poderes em Brasília, dias após a posse de Lula. Até o início deste ano, 375 pessoas haviam sido condenadas, com penas variando de um ano de detenção a 17 anos de prisão.
Com o ato, Bolsonaro também buscou manter seu capital político e fortalecer sua defesa no Supremo Tribunal Federal (STF), à véspera da análise da denúncia contra ele pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que o acusou de liderar uma trama golpista para impedir a posse de Lula. A denúncia foi apresentada em 18 de fevereiro e acusa Bolsonaro de ser responsável pelos ataques de 8 de janeiro. Ele e outros 33 envolvidos podem ser analisados pela Primeira Turma do STF a partir de 25 de março.
Caso Bolsonaro seja condenado, ele pode pegar mais de 40 anos de prisão, o que agravaria sua inelegibilidade, que atualmente vai até 2030. Em 2023, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já o declarou inelegível por 8 anos devido a abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação em um encontro com embaixadores estrangeiros.