Bolsonaro diz que não vai sair do Brasil e que será um problema preso ou morto

Neste domingo (16), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou aos seus apoiadores que não pretende deixar o Brasil e afirmou que será um problema "preso ou morto". Ele também afirmou que o "bolsonarismo" não foi derrotado e que não será derrotado, acusando seus adversários de terem inventado uma "história de golpe".
"Só não foi perfeita essa história de golpe para eles porque eu estava nos Estados Unidos. Se eu estivesse aqui, estaria preso até hoje ou, quem sabe, morto por eles. Vou ser um problema para eles, preso ou morto. Mas deixo acesa a chama da esperança, da libertação do nosso povo. Afinal, o Brasil é um país fantástico", discursou Bolsonaro.
O ex-presidente também sugeriu que sua campanha de 2022 foi prejudicada por ações de Alexandre de Moraes, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) na época. Ele alegou que não podia fazer campanhas mostrando imagens de Luiz Inácio Lula da Silva com ditadores, enquanto o lado oposto podia atacá-lo livremente. "Me chamavam de misógino, fascista, até de assassino da Marielle Franco", disse Bolsonaro.
Ele também fez previsões para as eleições de 2026, afirmando que elas seriam conduzidas "com isenção" e que "eleições sem Bolsonaro é negar a democracia no Brasil". No entanto, ele reiterou que, embora seja inelegível, ainda estaria disposto a concorrer, mencionando que seu grupo político tinha nomes para a presidência, ao contrário do outro lado. "Eleições sem Bolsonaro é negar a democracia no Brasil. Se eu sou tão ruim assim, me derrote", disse.
O discurso de Bolsonaro aconteceu no Rio de Janeiro, durante um ato convocado por ele em apoio à anistia dos envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023. Inicialmente, ele esperava reunir um milhão de pessoas, mas o ato contou com uma presença muito menor, ocupando apenas três quarteirões de Copacabana. De acordo com estimativas do Monitor do Debate Político no Meio Digital e da ONG More in Common, cerca de 18,3 mil pessoas participaram da manifestação, com uma margem de erro de aproximadamente 2,2 mil.
Durante o discurso, Bolsonaro também minimizou as condenações que resultaram em sua inelegibilidade, afirmando que foi injustamente punido por motivos falsos. "Afinal de contas, me tornaram inelegível por quê? Pegaram dinheiro na minha cueca? Alguma caixa de dinheiro no meu apartamento? Algum desfalque em estatal?", questionou. Em junho de 2023, o TSE o declarou inelegível por 8 anos por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação, após ele ter feito afirmações falsas sobre o processo eleitoral em uma reunião com embaixadores.
O foco da manifestação era pressionar o Congresso Nacional a aprovar o projeto de lei de anistia aos acusados dos ataques de 8 de janeiro, quando seus apoiadores invadiram e depredaram as sedes dos três Poderes em Brasília. Até o início deste ano, 375 réus haviam sido condenados, com penas variando de um ano de detenção (substituído por medidas alternativas) a 17 anos de prisão. Bolsonaro defendeu a anistia, alegando que as pessoas acusadas de envolvimento nos ataques eram inocentes e não tinham a intenção de cometer crimes.
Além disso, o ex-presidente fez comentários sobre críticas que recebeu recentemente por uma fala misógina, mencionando que qualquer comentário contra uma mulher no Brasil gera uma grande polêmica. Ele citou mulheres com mais de 60 anos que estariam enfrentando mais de dez anos de prisão, questionando se elas teriam força para causar danos.
Com o ato de domingo, Bolsonaro buscou manter seu capital político para fortalecer sua defesa no STF, especialmente com a aproximação da análise da denúncia contra ele pela Procuradoria-Geral da República (PGR). A denúncia, feita em 18 de fevereiro, acusa Bolsonaro de ter liderado um plano golpista para impedir a posse de Lula e de estar envolvido nos ataques de 8 de janeiro de 2023. A Primeira Turma do STF começará a analisar o caso no dia 25 de março.
A PGR acusa o ex-presidente de ter editado uma minuta de golpe, procurado apoio das Forças Armadas e até conspirado para matar o ministro do STF Alexandre de Moraes. Bolsonaro enfrenta acusações de tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado ao patrimônio da União, deterioração de patrimônio tombado e participação em uma organização criminosa.
Se Bolsonaro for condenado pelo STF, ele pode enfrentar mais de 40 anos de prisão, o que poderia estender sua inelegibilidade, atualmente válida até 2030.