A Prefeitura, sob gestão de Márcio Corrêa (PL), contratou a Plator Engenharia e Meio Ambiente por meio de adesão de ata – modalidade que permite aproveitar licitações de outros municípios. O contrato, no valor de R$ 33.206.669,05, foi firmado com a empresa sediada em Nova Lima (MG), através do Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Rural Sustentável (Cidrus), com sede em Candeias (MG).

Segundo informações do Anápolis Diário contratação, conduzida pela Secretaria de Infraestrutura, liderada por Rone Evaldo Barbosa, destina-se a projetos de engenharia e arquitetura, embora não haja projetos específicos em vista e a gestão municipal tenha anunciado a suspensão de obras em andamento.

Raphael Eduardo de Melo Silva, sócio da Plator Engenharia e Meio Ambiente juntamente com Juliana Gonçalves Oliveira, é conhecido em Brumadinho (MG) como "Raphael da Projeta". Ele tentou ingressar na política local como candidato a vice-prefeito pelo Avante nas eleições de 2024, em chapa liderada por "Guti da Premoldados", mas a candidatura não foi vitoriosa. A sede da Plator fica em Nova Lima (MG), mas ambos os sócios residem em Brumadinho.

Inidônea

A Projeta – Consultoria e Serviços Ltda, conhecida pela sua "fama", foi protagonista de uma situação interessante que chamou a atenção dos empresários Rone Evaldo Barbosa e Márcio Corrêa em Anápolis, localizada a 850 quilômetros de Nova Lima. A empresa está sob uma suspensão temporária devido ao não cumprimento de um contrato estabelecido com o Estado do Espírito Santo, conforme a Lei nº 8666/93, especificamente no artigo 87, inciso III, que trata da "inexecução total ou parcial de contrato com ente público". Esta legislação é popularmente conhecida como “Lei das Licitações”.



A companhia está impedida de realizar negócios com o Poder Público até maio de 2025. No Portal da Transparência, tanto “Raphael da Projeta” quanto Juliana Oliveira são identificados como proprietários de uma empresa classificada como “inidônea”.

Os empresários Raphael Eduardo de Melo Silva e Juliana Gonçalves Oliveira celebram a conquista de um contrato de R$ 33 milhões em Anápolis, Goiás, por meio da Plator Engenharia. Diferente da Projeta, a Plator não enfrenta restrições. Este é o segundo contrato firmado pela Secretaria de Infraestrutura de Anápolis através da modalidade de adesão de ata, sendo também a segunda adesão originada de um consórcio de cidades mineiras. Sob a gestão de Rone Evaldo Barbosa, Anápolis já destinou mais de R$ 86 milhões a essa modalidade, incluindo contratos com a Plator e a São Bento Lighting, empresa de Fernando Urzeda, situada em Senador Canedo.

A Prefeitura de Anápolis ainda não divulgou a finalidade dos serviços da Plator Engenharia e Meio Ambiente ou os projetos que serão desenvolvidos na cidade. Contudo, desde a publicação no Diário Oficial, a empresa está oficialmente contratada.

Múltiplas Empresas

A trajetória de Raphael e Juliana é marcada pela diversidade de negócios. Além da Plator e da "Projeta – Consultoria e Serviços", eles são sócios em mais cinco empresas: Objetiva Projetos e Serviços, Move Manutenção, Sólida Engenharia e Meio Ambiente, Compasso Engenharia e Projetos, e Sonda Geotecnia.

Embora à primeira vista isso possa parecer o retrato de um casal de sucesso em Minas Gerais, é importante notar que, das sete empresas, seis compartilham os mesmos CNAEs (Classificação Nacional de Atividades Econômicas), atuando em áreas como serviços de engenharia, coleta de resíduos não-perigosos, administração de obras, comércio atacadista de resíduos e sucatas metálicas, e serviços de arquitetura, entre outros.

Essas empresas, embora distintas, pertencem aos mesmos proprietários e competem pelo mesmo nicho de mercado, o que levanta questões sobre a dinâmica comercial e a ética nesse cenário.

Mesmo Local

Uma outra característica das empresas coirmãs da Plator, que irá operar em Anápolis, é que pelo menos cinco delas, além de serem concorrentes, também estão localizadas no mesmo endereço: na Avenida Barão Homem de Melo, número 3280, no Bairro Estoril, em Belo Horizonte.

Entre os diversos negócios de engenharia e projetos pesados nas áreas de meio ambiente e arquitetura, o casal da Plator também se aventurou no ramo da gastronomia com o “Projeta Café”. Este é o oitavo CNPJ da família Projeta/Plator, classificado como uma lanchonete, casa de chá, sucos e similares. O café funciona no mesmo endereço das empresas de engenharia, compartilhando espaço com máquinas de perfuração e outros equipamentos pesados típicos desse setor. Esse cenário inusitado pode conferir ao café um ambiente singular. No entanto, apesar da popularidade das cafeterias que investem em espaços "charmosos e instagramáveis", o Projeta Café não possui nem mesmo uma conta no Instagram para promover seu ambiente ou seus produtos, como lanches, sucos e chás.

Desdobramentos

Esta reportagem menciona apenas as empresas em que os integrantes da família são sócios. Se considerarmos outras empresas com propósitos semelhantes (engenharia, meio ambiente, arquitetura, etc.), há também empreendimentos mais complexos, como consórcios de empresas, incluindo Pitágoras, Pantanal Engenharia, Minas Projetos e a Sociedade de Propósito Específico (SPE) Objetiva Rio Metrópole.

Todas as empresas mencionadas, além de outras da sociedade direta, competem entre si no mercado de projetos de engenharia e operam no mesmo endereço: salas 1303 e 1304 do Edifício Belvedere, localizado no número 80 da Rua Desembargador Jorge Fontana, em Belo Horizonte.