Morre aos 100 anos o jornalista e escritor Wilson Figueiredo, um dos expoentes da imprensa brasileira

O GLOBO
Morre aos 100 anos o jornalista e escritor Wilson Figueiredo, um dos expoentes da imprensa brasileira Reprodução

Morreu neste domingo, no Rio de Janeiro, o jornalista e escritor Wilson Figueiredo, aos 100 anos. Com uma trajetória marcante no jornalismo nacional, Figueiredo foi por 45 anos comentarista político no Jornal do Brasil, onde se tornou uma das vozes mais respeitadas da imprensa. Ele faleceu de causas naturais em seu apartamento no Leblon. A informação foi confirmada pela família ao g1.

Ele havia completado o centenário em julho de 2024 e seguia lúcido e atuante até os últimos anos de vida. Deixa quatro filhos.

Nascido em Castelo, no interior do Espírito Santo, Figueiredo foi criado em Minas Gerais, o que o inseriu no grupo de intelectuais mineiros que se destacou na cena cultural e jornalística brasileira do século XX. Era amigo íntimo de nomes como Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e Otto Lara Resende, com quem dividiu a juventude em Belo Horizonte. Essa convivência marcou profundamente sua formação literária e jornalística.

Radicado no Rio de Janeiro desde a década de 1950, consolidou-se como jornalista, escritor e também poeta. Atuou ainda na Agência Meridional e no extinto O Jornal, mas foi no Jornal do Brasil que construiu sua carreira mais sólida e duradoura.
Lá, participou de momentos históricos da imprensa brasileira, como a reforma gráfica do jornal, nos anos 1950, ao lado de Odilo Costa Filho e Reynaldo Jardim. A reestruturação transformou o JB em referência de modernização no jornalismo impresso do país.

Além do trabalho como jornalista, Figueiredo dedicou-se à literatura. Publicou seis livros, sendo dois de poesia — A Mecânica do Azul (1946) e Poemas Narrativos (1947). Sua escrita sensível e refinada chamou a atenção de grandes nomes da época, como Nelson Rodrigues, que o descreveu como “sempre um poeta”.

Após se aposentar do Jornal do Brasil aos 81 anos, Figueiredo continuou colaborando com a comunicação. Trabalhou na FSB Comunicações, uma das principais agências de comunicação do país, onde atuou presencialmente até 2020, já próximo dos 96 anos.

A morte de Wilson Figueiredo representa o fim de um capítulo importante do jornalismo brasileiro. Um profissional cuja trajetória se confunde com a própria história da imprensa no Brasil, e cuja voz, lúcida e poética, deixa um legado que atravessa gerações.

Aos 88 anos, lançou sua biografia "E a vida continua: a trajetória profissional de Wilson Figueiredo". Na ocasião, brincou sobre o longo tempo na profissão:

— Evito pensar que possa ser o mais antigo jornalista em atividade no País. Há de haver outro desgraçado, e ainda mais velho, por aí.


Imprensa lamenta

Nomes da imprensa nacional lamentaram a morte de Wilson Figueiredo. O também jornalista e escritor, Afonso Borges, disse estar em luto. Já o crítico de cinema Amir Labaki afirmou que Figueiredo foi um dos maiores jornalistas do país.

"Poeta bissexto elogiado por Mário de Andrade e Alceu de Amoroso Lima, foi fino analista político e retratista de mão cheia. Leiam-no em “1964: O Último Ato”, “De Lula a Lula”, “Os Mineiros – Modernistas, Sucessores & Avulsos”, “E A Vida Continua”. R. I. P., Figueiró, e muito obrigado", escreveu Labaki.




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