Prefeitura trava operações e Aurora Eadi vê tratamento desigual e favorecimento a concorrentes

A Aurora Eadi realizou pronunciamento oficial durante entrevista coletiva no último dia 16, em Anápolis (GO), detalhando os grandes desafios enfrentados para dar início às suas operações no município goiano. A empresa foi a vencedora de uma licitação federal em 2018 para a instalação e gestão de um porto seco na cidade.
Segundo informações divulgadas pela companhia, sua proposta vencedora apresentou valores 40% menores que os praticados pelo atual operador, o Porto Seco Centro Oeste. A Aurora também destacou que, após conquistar o direito de operação via licitação, enfrentou uma batalha judicial que se prolongou por cinco anos, na qual saiu vitoriosa contra todos os questionamentos sobre a transparência do processo licitatório.
"Recebemos a outorga do TCU após uma longa batalha judicial", afirmou um porta-voz da empresa.
Na coletiva de imprensa, executivos da Aurora Eadi denunciaram que a companhia tem encontrado barreiras impostas por grupos vinculados às forças políticas da região. Segundo as declarações, o Porto Seco Centro Oeste, atual administrador do terminal, é controlado por conglomerados empresariais locais que mantêm estreitas relações com órgãos da administração pública municipal e estadual.
"Ao vencer a licitação, compramos uma briga sem saber com o poder econômico e político local", declarou a empresa em nota.
Com três décadas de trajetória no setor logístico e operações consolidadas em Portos Secos de Sorocaba (SP) e no Porto de Manaus, a Aurora Eadi já destinou aproximadamente R$ 100 milhões para sua infraestrutura em Anápolis, e conta com potencial para gerar mil postos de trabalho diretos. A empresa construiu instalações modernas específicas para a atividade, que incluem 13.000m² de área para armazenagem, 500m² de câmara frigorífica, pátio de 50.000m² e reserva adicional de 150.000m² destinada a expansões futuras.
De acordo com comunicado divulgado pela companhia, mesmo tendo cumprido todo se até mais dos requisitos técnicos e apresentado a documentação exigida pelas autoridades municipais, o processo para obtenção do alvará de funcionamento encontra-se estagnado na administração local.
"Tudo o que nos foi solicitado foi cumprido e respondido. O processo chegou à Procuradoria-Geral do Município devidamente saneado", declarou a empresa.
Em suas declarações, a Aurora Eadi questionou a postura da gestão municipal chefiada pelo prefeito Márcio Corrêa, destacando que isso tem gerado dificuldades e levantando suspeitas sobre a adoção de critérios variados na fiscalização das empresas do setor.
Conforme documentação apresentada pela companhia durante a coletiva, a atual operadora do terminal, Porto Seco Centro Oeste, estaria funcionando com irregularidades significativas: seu alvará sanitário estaria expirado desde dezembro de 2023 e suas instalações operam sem o certificado de conformidade emitido pelo Corpo de Bombeiros. "Se há rigor com a Aurora, por que não há o mesmo com o Porto Seco Centro Oeste?", indagou a empresa.
Durante a coletiva, a Aurora Eadi fez referência à denúncia número 20240350, protocolada na Vigilância Sanitária de Anápolis, que culminou na emissão do auto de infração 000.627, confirmando irregularidades sanitárias nas operações da empresa concorrente.
A companhia enfatizou que não possui vínculos políticos na cidade, afirmando que sua atuação em Anápolis se resume ao cumprimento de uma determinação em âmbito federal. "Nossa relação com a cidade está para começar. Não temos vínculos com campanhas eleitorais ou interesses locais. Queremos apenas operar conforme a outorga concedida", afirmaram os representantes da Aurora.
Embora tenha vencido a licitação e realizado significativos investimentos na cidade, a empresa relata que ainda não conseguiu uma audiência com o prefeito ou com o governador para discutir questões importantes. "Não sabemos o motivo da ausência de diálogo com o governador e o prefeito", disseram os prepostos da Aurora.
De acordo com a análise da empresa, a situação pode prejudicar a percepção de Anápolis como um local atrativo para novos investimentos. "O recado que se passa ao investidor externo é de insegurança institucional e barreiras políticas à entrada de concorrentes em setores já estabelecidos", finalizou a empresa.
Até o momento, a Prefeitura de Anápolis não emitiu um posicionamento oficial sobre as declarações feitas pela empresa Aurora Eadi.