Lula fala em paz na Ucrânia e condena ataques em Gaza durante funeral de Papa Francisco

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reiterou, neste sábado (26), sua expectativa de que os líderes mundiais consigam progredir nas negociações para pôr fim ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia, assim como para cessar a "violência de Israel contra a Faixa de Gaza".
Lula falou com a imprensa em Roma, onde esteve presente nas cerimônias do funeral do papa Francisco. Aproximadamente 50 chefes de Estado também participaram da missa na capital italiana.
Entre eles, estavam o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que tiveram uma conversa na Basílica de São Pedro.
Ao ser questionado sobre sua opinião a respeito do encontro, Lula expressou sua esperança de que as negociações pela paz avancem.
"Eu não sei o que eles conversaram, eu não posso intuir a conversa. Eu acho que o que é importante é que se converse para encontrar uma saída para essa guerra, porque essa guerra está ficando sem explicação. Ou seja, ninguém consegue explicar, e ninguém quer falar em paz", disse Lula.
Trump e Zelensky têm conversado há meses sobre um pacto de paz na guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
"O Brasil continua teimando que a solução é a gente fazer com que os dois sentem na mesa de negociações e encontrem uma solução, não só pra Ucrânia e para a Rússia, mas também para a violência que Israel comete contra a Faixa de Gaza", prosseguiu Lula.
Lula afirmou que não teve a oportunidade de cumprimentar o presidente Trump. Desde a posse do republicano, em 20 de janeiro, os dois não tiveram nenhuma conversa. A relação entre o Brasil e os Estados Unidos tem sido alvo de comentários por parte do americano, especialmente em meio ao recente "tarifaço".
No dia 2 de abril, Trump anunciou a implementação de taxas de importação que afetam 180 países ao redor do mundo. O Brasil, por sua vez, ficou sujeito à taxa mínima, estabelecida em 10%.
Em uma entrevista divulgada nesta sexta-feira (25), Trump declarou que o Brasil é um dos países que "sobreviveram" e que "se tornaram ricos" ao aplicar tarifas sobre as importações dos Estados Unidos.
"Não, não cumprimentei [o Trump] porque estava conversando com o meu pessoal sobre a segurança na saída, que estava uma confusão muito grande, e eu não cumprimentei, não olhei nem pro lado. Eu não vi o Trump, na verdade", afirmou Lula.
Homenagem ao legado do pontífice
Depois da cerimônia, o membro do PT fez uma tributo ao legado deixado pelo pontífice, expressando o desejo de que o próximo chefe da Igreja Católica tenha características semelhantes.
"Eu tenho um apreço muito grande pelo comportamento como homem, como religioso, ao papa Francisco. Então eu acho que foi uma dívida que nós pagamos a um homem que prestou serviços à humanidade", afirmou Lula.
"Quisera Deus que o próximo papa fosse igual a ele, com o mesmo coração dele, os mesmos compromissos religiosos dele, com os mesmos compromissos com o combate à desigualdade, que tem o papa Francisco", prosseguiu.
"Eu volto para o Brasil certo de que nós cumprimos o nosso dever, como cristãos, como religiosos e como políticos, de vir no enterro de uma pessoa admirável como o papa Francisco", disse Lula, antes de embarcar de volta ao Brasil.